Dois detentos fugiram, pela primeira vez, de um presídio de segurança máxima. O evento aconteceu em Mossoró, no Rio Grande do Norte, na madrugada do dia 14 de fevereiro, e vem sendo considerado como uma grande crise do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, cujo comandante, Ricardo Lewandowski, tomou posse há apenas duas semanas.
A reação de Lewandowski, ainda que previsível, é escandalosa. O ministro decidiu colocar os presos das prisões de segurança máxima, que já vivem em um regime de ainda mais abusos contra seus direitos democráticos, sob um estado de maior repressão. Entre as medidas tomadas pelo Ministério, estão a suspensão do banho de sol e de visitas em penitenciárias federais.
A linha adotada por Lewandowski é, portanto, a mesma adotada por seu antecessor, Flávio Dino: combater o “crime organizado” com a mais dura repressão. Isto é, eliminar, um a um, os direitos democráticos da população.
Da maneira como a chamada segurança pública vem sendo conduzida, não causaria espanto se Lula nomeasse para o Ministério da Justiça e da Segurança Pública alguma figura sinistra como Coronel Talhada ou Sargento Fahur. Não causaria espanto, na verdade, se fosse nomeado o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, visto ser justamente essa política que a extrema direita defende.
O fato é que, aplicando medidas como a restrição dos direitos dos presidiários, o governo Lula e o PT estão correndo atrás do bolsonarismo como um cão corre atrás do dono.
Em seu um ano de gestão, Flávio Dino não fez absolutamente nada para melhorar a situação dos presos. São mais de 800 mil pessoas enjauladas sem qualquer assistência. E a maioria dessas pessoas vive em um estado de total desumanidade. Verdade seja dita, enquanto Dino não tomou uma única medida para melhorar as condições dessa população, destinou verbas bilionárias para o aparato de repressão.
A situação em várias prisões é abaixo do nível de vida humano. E agora, só porque fugiram dois presos, um governo de esquerda se lança na tarefa de aumentar a repressão. E o pior de tudo é: vai punir os presos que não fugiram!
O medo do bolsonarismo, por parte do PT, é tão grande que o partido perdeu a sua personalidade política. Em vez de se voltar para seus princípios e seu programa, faz de sua política defender o programa do adversário, na esperança vã de que isso trará algum retorno eleitoral.