A Operação Escudo, promovida pelo governo Tarcísio em São Paulo, segue em curso na Baixada Santista, iniciada no último dia 2 de fevereiro. Até agora, são mais de 20 mortos pela Polícia Militar, além de inúmeros casos de tortura, invasão de casas, celulares e outros atos de violência comandados pela PM do estado.
A operação tem sido a mais violenta de seu tipo, ficando apenas atrás da operação de julho a setembro do ano passado, com 28 mortos – pelo menos oficialmente – durante todo o período, o que ficou conhecido como a Chacina do Guarujá.
A nova fase da operação é, também, uma operação de vingança, sendo desatada contra a população da Baixada Santista em resposta à morte do policial militar da Rota Samuel Wesley Cosmo.
Com 20 mortos em 13 dias, a etapa atual da operação está ainda mais mortal que aquela que resultou na Chacina do Guarujá, com a única diferença sendo sua extensão por toda a Baixada Santista, e não apenas no Guarujá. Segundo balanço oficial, desde a última segunda-feira (12), a PM prendeu 580 pessoas. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo ampliou o efetivo da Polícia Militar na segunda fase da Operação Escudo em mais 400 policiais.
A morte mais recente confirmada aconteceu no final de semana, quando policiais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) mataram um homem na Avenida dos Bandeirantes, em Santos. A morte foi confirmada na terça-feira (13). Segundo a polícia, o homem encontrou a equipe da Rota que fazia patrulhamento no bairro de Alemoa.
Conforme relatado pelo jornal A Tribuna de Santos, um membro da comunidade procurou o veículo de imprensa para relatar eventos intimidatórios ocorridos na terça-feira. Segundo o relato, indivíduos compareceram à favela com o intuito de amedrontar os residentes. Invadiram residências, agrediram pessoas e começaram a fabricar acusações de posse de drogas contra os moradores da comunidade. Na sexta-feira (9), a Prefeitura de São Vicente cancelou o Carnaval de rua na cidade em razão da falta de segurança.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), todos os casos estão sendo apurados. A pasta utiliza supostas mortes de policiais como justificativa para a matança em curso na região.
No domingo (11), moradores da Baixada Santista denunciaram a uma comitiva composta pela Ouvidoria da Polícia de São Paulo, Defensoria Pública e deputados estaduais a ocorrência de execuções, torturas e abordagens violentas por parte dos policiais militares da Operação Escudo contra a população local e ex-detentos.
Um dos relatos diz: “A polícia entrou aqui em casa. ‘Entrou’ quatro policiais. Entrou com a lanterna na cara da (…) e ela ia saindo do banheiro, ‘tava’ indo para a cozinha. Coitada, ficou tremendo. Aí o (…) foi ver o que era e perguntaram com quem ele ‘tava’, e disse que estava comigo e com o sobrinho. O (…) começou a chorar”, diz dona de casa em conversa com parente. Mais tarde, por volta das 23h, segundo a mulher, policiais fizeram uma blitz na ponte. “‘Tava’ um monte de policial. Eles não estão respeitando os moradores”, concluiu.
“As comunidades por onde a gente passou estão narrando que os policiais falam abertamente nas ameaças que fazem aos jovens usuários de drogas, aos aviõezinhos, que [a polícia] vai vingar o policial morto, que vai deixar filho sem pai, como aconteceu do outro lado, do lado deles. A gente está assistindo a uma operação de vingança e barbárie. A gente ouve aqui relatos absurdos de violência e de tortura, é assustador”, relatou um entrevistado pelo portal de notícias Brasil 247.
Chacina do Guarujá revela o que é a polícia aplaudida por Dino