A política repressiva do estado capitalista contra a manifestação popular atinge no carnaval seu ponto alto. Centenas ou talvez milhares de pessoas no país inteiro foram presas durante os dias de folia Brasil afora. No Rio de Janeiro, um dos principais carnavais do país, ao menos 235 pessoas foram parar na cadeia desde a sexta-feira (09), outros 36 menores foram apreendidos. Apesar do enorme número de prisões, apenas 30, segundo a polícia, teriam mandado de prisão expedido, isto é, todos os outros teriam que ter sido presos em flagrante delito.
Um número de armas de fogo, objetos cortantes e drogas foram apresentados para justificar a operação e o esquema de repressão montado. Tal esquema, também chamado de esquema de segurança, envolve mais de 12 mil policiais militares no estado. Por óbvio, não se trata aqui de repressão a qualquer crime ou ação motivada por investigação policial, coisa raríssima no país, mas de uma atividade de repressão generalizada e ostensiva contra a grande festa popular com o intuito de coibi-la, amedrontar os foliões, cerceá-la.
Outro exemplo marcante vem de Salvador, na Bahia, também um dos principais carnavais no país. Até a segunda-feira (12), ações ostensivas da polícia militar prenderam 150 pessoas. Destes, apenas 25 seriam foragidos e foram, supostamente, conforme o órgão militar, identificados por reconhecimento facial. As demais prisões somente se justificariam por flagrante delito, não sendo informado o delito de cada um deles.
O carnaval, como grande festa popular, reunião de milhões de pessoas, livre manifestação de expressão de pensamento e de crítica, nunca foi bem-visto pela classe dominante, considerando-o sempre algo perigoso, em particular quando ganha uma expressão política. Naturalmente, por ser verdadeiramente uma mobilização popular, mesmo que em festa, a crítica ao poder político nacional, à burguesia e sua política, toma contornos gigantescos e por isso a repressão ao carnaval é parte essencial da chamada política de segurança pública.
A repressão sobre o carnaval se manifesta desde a exigência de trâmites burocráticos para poder organizar uma festa ou bloco de carnaval, seguindo para a repressão aos ambulantes, e finalmente aos foliões, sob pretexto de combate ao crime, como sempre.
A política de repressão ao carnaval é parte integrante da política de destruição dos direitos democráticos da população e denota claramente o caráter cada vez mais autoritário do regime político brasileiro.