Após o sucesso do Baile de Fantasia do PCO no CCBP de São Paulo e do desfile na Em Cima da Hora, o segundo dia de carnaval foi dia de bloco de rua! Neste ano o Partido foi convidado pelo militante do PT em Parelheiros, no extremo-sul de São Paulo, para participar do Bloco Jardim dos Álamos. Como grande parte da periferia quase não há eventos culturais, e o mesmo vale para o Carnaval, assim o PCO participou de um dos dois únicos blocos que hoje existem no bairro. Foi mais um dia de folia, de defesa do Carnaval contra as tentativas da direita de destruir a festa popular.
O enredo foi a Palestina, a pedido dos próprios organizadores do bloco. O PCO, já na campanha há quatro meses, estava muito preparado para participar de tal atividade. Além das grandes bandeiras da Palestina, com as suas tradicionais cores, vermelho, preto, branco e verde, o Partido também levou as bandeiras do Hamas, da Jiade Islâmica, do Hesbolá, da FPLP e da FLDP, ou seja, levou bandeiras pretas, amarelas, verdes e vermelhas para compor com o bloco.
A Bateria Popular Zumbi dos Palmares foi o grande destaque. Tradicionalmente voltada para atos de rua, a bateria também aparece cada vez mais no carnaval. Em alguns momentos foram cantadas as palavras de ordem como “Estado de ‘Israel’, Estado assassino e viva a luta do povo palestino!” ou a mais animada de todas “79 foi o Irã, em 2000 o Hesbolá, em 21 o Talibã, agora é hora do Hamas!” Um detalhe é que o bloco Jardim dos Álamos aconteceu no dia de comemoração dos 45 anos da Revolução Iraniana. Mas o leitor não deve achar que esse foi apenas mais um ato em defesa da Palestina, foi um verdadeiro bloco de carnaval.
No dia anterior, no Bailo do PCO, a banda Revolução Permanente realizou uma apresentação apenas das marchinhas mais tradicionais do carnaval brasileiro. Com todas elas na ponta da língua, a Bateria Zumbi dos Palmares tocou diversas marchinhas para animar tanto os militantes que foram para o bloco de diversas regiões de São Paulo, e inclusive de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, quando os moradores do bairro. O ponto alto foi quando o bloco saiu levantando as diversas bandeiras da Palestina e passando pela rua com diversos bares onde estavam muitos trabalhadores da região.
Dois aspectos são interessantes para se ressaltar sobre a atividade. O primeiro é que ao longo do dia diversos foliões fantasiados pegavam ônibus em direção ao centro para pular o carnaval. É uma demonstração da segregação na cidade de São Paulo. A festa mais popular do mundo não acontece na periferia, apenas no centro. O trabalhador, que já faz essa viagem que facilmente dura 2h no transporte público, quase todos os dias ainda tem que fazer o mesmo nos dias de festa do carnaval.
O segundo ponto tem relação direta com o primeiro, é a interferência da prefeitura no bloco. No sábado o Baile a Fantasia em frente ao CCBP do centro foi duramente reprimido pela Guarda Civil Metropolitana e pelo “rapa”. A situação foi tão absurda que as mesas e cadeiras de madeira foram roubadas pela repressão mesmo estando na calçada em frente ao CCBP, a literalmente 2m de distância do local onde seriam guardadas. Eles também apreenderam bebidas e por pouco não levaram também o Food Truck do Bar Jacobinos, que teve que ser retirado para não ser rebocado pela prefeitura.
Em Parelheiros o bloco era “legalizado”, isto é, estava autorizado pela prefeitura. O que havia lá? De fato, uma infraestrutura com diversos garis, uma ambulância e dois banheiros químicos. Havia também muitos policiais militares para policiar o bloco. Mas a política da prefeitura é tão repressiva que até os garis pareciam fazer parte do processo de repressão. Eles ficavam próximos do bloco e nem esperaram o evento acabar, constantemente entravam no espaço para limpar as serpentinas e confetes que estavam no chão. Em determinado momento eles usaram jatos d’água para limpar o chão mesmo com diversas pessoas próximas.
No fim houve a clássica campanha eleitoral. Os garis gravaram um vídeo fingindo que limpavam o chão, que eles já havia limpado horas antes, para ser usado pelo prefeito bolsonarista, Ricardo Nunes, como prova de que ele atua na periferia da cidade. Houve auxílio para montar um palco? Não. Auxílio para estimular os sambistas do bairro a tocar? Não. Houve auxílio para decorar o bloco? Não. A prefeitura apenas mandou seus funcionários quase como apenas uma repressão do bloco.
No fim a folia foi um grande sucesso. Um primeiro passo para que o PCO realize cada vez mais atividades no Carnaval de São Paulo, que ainda tem muito potencial de crescimento. Fica clara o choque entre os trabalhadores, que querem participar da maior festa popular do mundo, e o Estado, que claramente está totalmente contra um evento de cunho tão popular.