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HISTÓRIA DA PALESTINA

Khalil Ibrahim al-Wazir: assassinado pelo Mossad com 52 tiros

Também conhecido com Abu Jihad, foi cofundador do Fatá e criador de seu braço armado, al-Assifa (A Tempestade)

A criação do Estado de “Israel”, com a expulsão de quase um milhão de palestinos em 1948, só foi possível porque o imperialismo britânico, usando de milícias fascistas do sionismo, destruiu todas as organizações da resistência palestina durante a Revolução de 1936 e nos anos que se seguiram. De forma que, após a Nakba, os palestinos demoraram mais de uma década para conseguirem se reorganizar para lutar novamente contra a ditadura de “Israel”. Isto se deu com a criação do Fatá, em 1959, por Yasser Arafat, partido este que eventualmente assumiria o comando da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), organização originalmente criada em 1964.

Como nessa época a resistência era feita de fora da Palestina, um dos principais métodos que o sionismo utilizou para reprimir as organizações dos palestinos foi o de assassinar as suas lideranças, coisa que era, em sua maioria, feita pelo Mossad.

Um dos líderes palestinos assassinados foi Khalil Ibrahim al-Wazir, também conhecido como Abu Jihad, o segundo em comando de ninguém menos que Yasser Arafat.

Nascido em 10 de outubro de 1935, al-Wazir foi cofundador do partido político Fatá. Quando Arafat liderou os palestinos à vitória na Batalha de Caramé (em 1968), o partido tornou-se a principal organização da resistência palestina e assumiu o comando da OLP.

Assim como muitos militantes e combatentes palestinos que lideraram as organizações de resistência que surgiram após a Nakba, tais como o Fatá, a FPLP, a FDLP, o Hamas e a Jiade Islâmica, Abu Jihad foi um dos que tiveram de se refugiar quando os sionistas expulsaram quase um milhão de palestinos de suas terras de origem, nos anos de 1947-1948. Ele e sua família foram expulsos da aldeia de Ramla, no ano de 1948, quando tinha apenas 13 anos, assentando-se no campo de refugiados de Bureij, na Faixa de Gaza, campo este sob a administração da UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente). Foi lá, ainda durante sua adolescência, que iniciou a luta política através de pequenos movimentos guerrilheiros que atuavam a partir da escola onde estudava.

Jihad conheceu Yasser Arafat no ano de 1954, o líder de quem seria o braço direito até o fim de seus dias.

No que diz respeito a seu desenvolvimento político até a formação do Fatá, al-Wazir chegou a ser membro da Irmandade Muçulmana, sendo inclusive preso em função disto. Afinal, a organização era proibida no Egito. Após ser liberado da prisão, permaneceu no Egito durante algum tempo, recebendo treinamento militar na cidade de Cairo. De forma semelhante ao que se deu com muitos líderes da resistência palestina àquela época, al-Wazir chegou a ingressar na universidade, onde cursou engenharia. Em seu caso, na Universidade de Alexandria. Contudo, não terminou o curso em razão da continuidade de suas atividades políticas, as quais estavam cada vez mais radicalizadas: realizou incursões contra o território ocupado por “Israel”, sendo exilado na Arábia Saudita e depois se mudando para o Cuaite.

Foi em razão de sua estadia neste último país que ele conseguiu estreitar os laços com Arafat. Isto foi fundamental para que ambos, junto de outros militantes palestinos, fundassem o Fatá, em 1959.

Al-Wazir desempenhou muitos papéis importantes como segundo em comando no Fatá, fossem de natureza militar ou diplomática. Na Argélia, chegou a fundar um centro de treinamento militar do partido, na cidade de Algiers. Em razão disto, fez parte da delegação argelina do Fatá, quando este foi à República Popular da China em 1964, ocasião em que as ideias do partido foram apresentadas a várias autoridades do Partido Comunista da China, inclusive o então premier Zhou Enlai, iniciando-se, então, as boas relações entre o Fatá e a China. Também estabeleceu relações diplomáticas com a Coreia do Norte e com os Viet Cong. 

Ademais disto, em razão de suas relações com países fornecedores de armamentos, foi o responsável por estabelecer o braço armado do partido, chamado de al-Assifa (A Tempestade).

Ao longo dos anos seguintes, o Fatá e a OLP, sendo liderados por Arafat e Al-Wazir, foram se fortalecendo e, com isto, fortalecendo o movimento nacionalista do povo palestino, fazendo-o elevar de qualidade. De forma que foi necessário ao imperialismo e a “Israel” elevarem a repressão a um novo nível.

Vários foram os episódios marcantes dessa repressão. Um deles foi o evento que ficou conhecido como setembro negro, no ano de 1970, quando o governo jordaniano, impulsionado pelo imperialismo, expulsou a OLP da Jordânia. 

A organização, então, se fixou no Líbano. Contudo, o imperialismo, através de “Israel”, desatou nova ofensiva. Colocou a extrema direita, na pessoa de Menachen Begin, no comando do Estado sionista.

Então, em 1975, desataram uma guerra de agressão contra a OLP, utilizando-se, principalmente, das milícias fascistas dos cristãos maronitas, a principal delas o Partido Cataebe. A guerra durou até 1990, contudo, o imperialismo conseguiu expulsar o Fatá e a OLP quando do Cerco a Beirute, em 1982. A maioria dos líderes da OLP foram para Tunis, na Tunísia. Contudo, o rei da Jordânia permitiu Arafat, Al-Wazir e outros a ficar no país.

Com a derrota, Al-Wazir dedicou-se a estabelecer uma base de operações do Fatá e da OLP na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. A organização para isto foi feita primariamente através de comitês da juventude, que tiveram um papel de protagonismo na Primeira Intifada. Um ano antes de iniciar a mobilização revolucionária das massas palestinas, Al-Wazir foi deportado de Amã (capital da Jordânia) para Bagdá (capital do Iraque), eventualmente se mudando para a Tunísia, estabelecendo domicílio em Tunis. Foi lá, em sua casa, que ele foi assassinado, em uma operação militar comandada pelo Mossad (agência de espionagem israelense).

O assassinato foi perpetrado no dia 16 de abril de 1988, quando Al-Wazir tinha 52 anos. A decisão para assassiná-lo foi tomada pelo governo de “Israel” assim que teve início a Primeira Intifada, sob a justificativa que co-fundador da Fatá estaria instigando a violência das massas palestinas contra a ditadura sionista. 

A operação militar que resultou no assassinato do líder palestino foi planejada por mais de um ano, pelo Mossad, contando com várias táticas de espionagem, sendo sua casa invadida por terra e mar por comandos das forças israelenses de ocupação.

Al-Wazir foi baleado 52 vezes. Contra seu assassinato, protestos eclodiram imediatamente nos territórios palestinos. Não bastasse o fato em si ser uma demonstração da natureza fascista do Estado sionista, os protestos foram reprimidos duramente, resultando na morte de ao menos uma dúzia de palestinos.

Este foi um dos inúmeros assassinatos que “Israel”, seja através do Mossad ou de outro órgão de seu aparato repressivo, perpetrou contra líderes da resistência palestina.

Contudo, desde então, a resistência seguiu se organizando, e segue, atualmente, em seu nível mais alto de organização, tendo infligido aos sionistas, desde o 7 de outubro, várias das maiores derrotas de sua história.

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