Menos de sete meses após a indicação de Hitler a chanceler por Hindenburg, no dia 25 de agosto de 1933, foi assinado o Acordo Haavara, “acordo de transferência”, entre a Federação Sionista da Alemanha, o Banco Anglo-Palestino (que era dirigido pela Agência Judaica, a organização dirigente judaica durante a época do Mandato Britânico da Palestina) e as autoridades econômicas da Alemanha Nazista.
Visando emigrar à Palestina, judeus alemães pagavam um certo montante a uma empresa de colonização sionista, que lhes era devolvido quando ali chegassem na forma de mercadorias exportadas da Alemanha. A empresa sionista de cítricos Hanotea, na época dirigida por Sam Cohen, judeu sionista de origem polonesa, que representou a empresa diretamente nas negociações com os nazistas a partir de março de 1933, desempenhou tal papel.
Enquanto isso, se tentava estabelecer um boicote contra produtos nazistas, impulsionado principalmente por outras organizações judaicas. Naturalmente, o acordo foi um tanto polêmico na época, tanto dentro do movimento nazista alemão quanto dentro do movimento sionista internacional (Haim Arlosoroff, um dos negociadores, foi inclusive assassinado pelos Sionistas Revisionistas). No entanto, como deixou clara a delegação alemã ao décimo nono Congresso Sionista (ao votar contra uma resolução que continha uma condenação a conduta dos nazistas para com os judeus) em 1935, a única questão importante era a emigração de judeus à Palestina, e o acordo seguiu em funcionamento.
Seria somente com a invasão da Polônia, que o acordo Haavara foi rompido. Mais de sessenta mil judeus alemães e austríacos imigraram para a Palestina neste meio tempo, evidentemente elementos da burguesia ou da pequena-burguesia. O total de exportações alemãs havia ultrapassado a casa dos cem milhões de marcos (algo como trinta e cinco milhões de dólares na cotação da época).
Foi também permitido aos judeus alemães levassem consigo dinheiro, bastava que pagassem os 25% de impostos sobre remessas de capitais para o exterior, tal qual previa a legislação alemã. O judeu emigrante era também obrigado a destinar quase metade do que lhe sobrava às organizações judaicas na Palestina. Não é absurdo dizer, portanto, que por meio do Acordo Haavara, utilizando-se do sofrimento dos judeus alemães, os sionistas financiaram os nazistas, e que os nazistas financiaram a criação posterior do estado de “Israel”.