Na última sexta-feira, dia 2, “Israel” trouxe a público planos de seu Ministério de Segurança para intensificar as ações militares no sul de Gaza, tendo como alvo principal especificamente a cidade de Rafá, fronteira com o Egito. A afirmação veio através do perfil no X de Yoav Gallant, Ministro da Segurança de “Israel”, que diz supostamente ter “desmontado a resistência em Khan Younis”. “Completamos a missão e continuaremos até Rafá”, declarou Yoav Gallant.
Segundo informações de “Israel”, agora que as defesas de Khan Younis teriam supostamente sido desmontadas, o principal objetivo da operação é “tomar controle” do “Eixo Philadelphia”, uma faixa estreita de 14 km de terra que separa a Palestina do Egito, estendendo-se do cruzamento controlado por “Israel” em Karam Abu Salem, ligando a Faixa de Gaza e os territórios ocupados, até o ponto mais ao sul na costa da Faixa.
Ao contrário do que estaria sendo apresentado por “Israel”, diversas fontes apresentam que, na verdade, o Estado Sionista estaria retirando suas tropas de todas as tentativas de campanha por terra até agora, como apresenta um correspondente do jornal libanês Al Mayadeen, que informou que as tropas sionistas se retiraram de áreas como al-Zawaida, al-Nuseirat, al-Karama, al-Tawam e as Torres de Inteligência, localizadas ao noroeste da região. Esse recuo, o primeiro da região central, ocorreu também no norte.
Nessa conjuntura, vale ressaltar que Rafá atualmente vive uma crise humanitária catastrófica. Os palestinos residentes em toda a faixa de Gaza foram paulatinamente deslocados pelas forcas de ocupação de “Israel” para o sul, próximo da fronteira do Egito, especificamente para a cidade de Rafá. A campanha das forcas de ocupação de “Israel”, até o momento, tem se baseado em expulsar civis para o sul, incapazes de atingir efetivamente a estrutura da resistência armada, bombardeando esses mesmos civis no sul.
De acordo com Tamara Alrifai, representante da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados do Oriente Médio (UNRWA), os dados mais recentes indicam uma escassez significativa de instalações sanitárias, de moradia e especialmente alimentos e água em Rafá. A proporção é de um chuveiro para cada 2 mil pessoas e um banheiro para cada 500 indivíduos. A superlotação na região tem contribuído para surtos de doenças como sarna e infestações de piolhos, devido à dificuldade de manter padrões básicos de higiene.
Cindy McCain, líder do Programa Mundial de Alimentos, destacou que em Gaza existe o paradoxo de pessoas estarem em risco de morrer de fome, mesmo com caminhões cheios de comida a poucas milhas de distância, retidos nas fronteiras cuja entrada é proibida por “Israel”.
Com 1,7 milhão de pessoas deslocadas, a situação é especialmente crítica em locais como Rafá, onde a falta de espaço é evidente. As preocupações com a segurança dos civis aumentam, especialmente diante da sugestão do ministro da Defesa de “Israel”, Yoav Gallant, sobre o plano de invasão da região. Haneen Harara, uma refugiada, relata a extrema aglomeração na cidade, onde 15 de seus parentes compartilham um único quarto, evidenciando a urgência da situação.
Localizada ao longo da fronteira egípcia, Rafá tornou-se um refúgio para a maioria dos palestinos que escapam dos constantes ataques e massacres perpetrados por “Israel” em toda a Faixa de Gaza. Rafá, agora abarrotada com tendas improvisadas, representa um instável refúgio para famílias que buscam desesperadamente alívio da violência da ocupação que tem assolado suas vidas.
O governo do Egito tem reiterado sua firme oposição ao plano de invasão terrestre da região de Rafá por parte de “Israel”, pois além de isso ameaçar o interesse soberano egípcio na fronteira com “Israel”, que já invadiu o país africano no passado, o governo do país norte-africano alterta que isso atende à agenda israelense de expulsar os palestinos de Gaza em direção ao Sinai.
Em entrevista ao Diário Causa Operária, o comandante Robinson Farinazzo, oficial da reserva da Marinha Brasileira e analista militar com anos de experiência, declarou que “Israel”, incapaz de alcançar seus objetivos militares, tem se empenhado na campanha genocida contra o povo palestino. Sobre a declaração de Gallant, temos o trecho a seguir de Farinazzo com relação ao real progresso de “Israel”:
“Olha, eu penso que Israel está numa situação de impasse porque o que acontece é o seguinte: todas as vezes que eles avançam sobre um determinado bairro de Gaza, uma determinada região, eles dizem que aquela região já está pacificada. Mas dali a pouco você vê saírem foguetes dali. Ou eles falam: olha, essa região está pacificada, a gente vai para outra. Eles vão para outra, o pessoal volta para essa região, o Pessoal do Hamas volta para essa região. O que acontece: não há registro de sucesso na bibliografia militar de qualquer força atacante que tenha tido resultados favoráveis na luta contra túneis. Você não vai entrar nos túneis, é muito difícil entrar, você avança muito pouco ali dentro, é cheio de armadilhas. O Hamas deve ter sofrido assim grandes perdas de efetivos, grandes perdas logísticas, mas eu não vejo grandes modificações no cenário por parte de Israel, não. Posso estar muito errado, mas essa é a percepção que eu tenho hoje.”, disse Farinazzo ao Diário Causa Operária.
Desta maneira, “Israel” seguirá sua sanguinária campanha contra os civis palestinos, frente à sua incapacidade de atingir objetivos militares e desarticular as defesas da resistência armada palestina.