O presidente mais popular da história recente da Bolívia, Evo Morales, está sofrendo uma perseguição judicial sob o comando do imperialismo.
Evo foi recentemente impedido de se candidatar a presidente nas próximas eleições, o que, por si só, configura um processo de golpe de Estado. A decisão foi tomada pelo Tribunal Constitucional Plurinacional (TCP) e foi proferida no dia 30 de dezembro de 2023, 22 meses antes das eleições. Segundo o judiciário boliviano, “a restrição à possibilidade de reeleição indefinida é uma medida idônea para assegurar que uma pessoa não se perpetue no poder”. O ex-presidente se manifestou contrário à medida arbitrária dos juízes e convocou o povo boliviana à luta contra o imperialismo:
“A sentença política do TCP auto prorrogado é a prova da cumplicidade de alguns magistrados com o Plano Negro executado pelo governo por ordens do império e com a conspiração da direita boliviana. Assim como fizeram em 2002 ao nos expulsar do Congresso, os neoliberais se unem para tentar proibir o MAS-IPSP e nos eliminar politicamente, até mesmo fisicamente. Sem medo. A luta contínua, irmãs e irmãos!”
Evo Morales também denunciou a casta judicial que o condenou como inelegível:
“A única solução do problema é a imediata convocação das eleições judiciais e o fim das funções dos magistrados [que tiveram seus mandatos] prorrogados, porque seus atos desde primeiro dia de 2024 são nulos em pleno direito”.
Em razão disto, abriu-se mais uma crise na América Latina: a população liderada pelos “Cocaleiros” e outros setores que apoiam o candidato esquerdista saíram às ruas. Os protestos assumiram a tarefa de bloquear as vias para transportes, método tradicional de luta e, por isto, estão sendo alvo de uma pressão desproporcional da imprensa burguesa, que apoia o golpe que está em andamento na Bolívia. A extrema-direita também está se organizando contra a esquerda, aprofundando a crise já existente.
Os motoristas do serviço público paralisaram o centro de La Paz, nesta quinta-feira, em protesto às manifestações pró-Evo Morales, que por sua vez pedem a renúncia dos juízes que desqualificaram Evo como candidato. Os protestos se iniciaram, conforme a imprensa local, na última madrugada de sexta-feira. Um dos motoristas, Rubén Flores, apela ao fim das paralisações: “Deixem-nos trabalhar, por favor, não atentem contra o transporte, porque estão nos bloqueando e está ficando insustentável.”
“Estamos enfrentando filas nos postos de gasolina, lidando com um bloqueio que complica a logística [para a chegada dos caminhões-tanque] — disse o presidente da estatal YPFB, Armin Dorgathen, afirmando que mais de 200 caminhões estão parados.
A burguesia boliviana, serviçal do imperialismo, sobretudo norte-americano, procura denunciar de forma venal a mobilização da classe trabalhadora. A imprensa boliviana noticiou perfidamente, atribuindo a morte de quatro pessoas aos bloqueios iniciado pelos manifestantes de esquerda, além de denunciar a “desordem”, “bagunça” dos esquerdistas, até mesmo recorrendo à acusação infame de “terroristas”, consequentemente gerando uma repressão brutal contra o povo boliviano.
A mobilização da extrema-direita inaugura a possibilidade de impulsionar a radicalização da extrema-esquerda, eliminando do mapa político a direita tradicional, ou seja, os candidatos mais vinculados ao imperialismo, repetindo a tendência de outros países da América Latina e do restante do mundo.





