A campanha eleitoral nos EUA acontece a todo vapor. O presidente Biden enfrente um adversário muito mais popular que ele, Donald Trump. Ao mesmo tempo, Biden perde a popularidade devido ao seu apoio total ao genocídio na Faixa de Gaza, isso se soma ao fracasso de seu governo como um todo. Por isso o presidente dos EUA começa a defender o direito das mulheres, o direito ao aborto, como forma de tentar aumentar a sua popularidade.
Binde convidou para o seu discurso de março uma mulher que foi obrigada a sair do Texas, estado onde o aborto é ilegal, para fazer o procedimento. A porta-voz da Casa Branca afirmou: “No domingo, o presidente e a primeira-dama conversaram com Kate, que foi obrigada a recorrer aos tribunais para pedir permissão para receber o atendimento de que precisava devido a uma gravidez inviável, que ameaçava a sua vida. Biden e sua esposa agradeceram a Kate por sua coragem em compartilhar sua história e falar sobre o impacto da proibição extrema do aborto no Texas.”
A questão do aborto voltou a tona nos EUA em 2022, quando a suprema corte do país revogou a medida Roe vs Wade que, na prática, havia legalizado o aborto na década de 1970. Sob o argumento do direito constitucional à privacidade, a deliberação permitiu às mulheres a possibilidade de interromper a gestação até a 24º semana de gravidez. A direita então passou a lutar contra o aborto por meio de impedir a abertura de clínicas, algo que funciona em um país onde não há sistema de saúde pública.
Mas em 2022 a campanha contra o aborto chegou ao ponto de derrubar a própria deliberação de Roe vs Wade. O caso revelou que as deliberações da suprema corte não podem ser usadas de base para a conquista de direitos. Isso deve ser feito no foro correto que é o legislativo. Revogar a lei de aborto por meio do congresso dos EUA seria muito mais difícil que por meio de alguns poucos juízes que não foram eleitos.
Nesse sentido, se Biden defendesse realmente o direito ao aborto, deveria usar o aparato do Partido Democrata para votar uma lei real no congresso nacional. Algo que ele está longe de fazer. Apenas utiliza a questão da mulher como demagogia. Ao perder a popularidade entre a esmagadora maioria dos trabalhadores, tenta ampliar sua campanha identitária, o que também não está funcionando.