Estados Unidos

Voto negro em Biden seria o mesmo que voto judeu em Hitler

Folha de S.Paulo traduz artigo em que o New York Times procura orientar o presidente norte-americano em relação ao povo negro

No dia 25 de janeiro, o jornal golpista Folha de S.Paulo decidiu publicar uma tradução para o português do texto “Biden precisa inspirar eleitores negros se quiser seus votos”, escrito por Charles M. Blow e publicado originalmente pelo jornal norte-americano The New York Times. O texto, recheado de conselhos para o atual presidente norte-americano, Joe Biden, procura alertar para uma migração do eleitorado negro para a candidatura de Donald Trump.

O artigo do New York Times não hesita em demonstrar sua preferência pelo atual presidente norte-americano na corrida eleitoral deste ano:

“E se, em 2024, Joe Biden for a única coisa capaz de impedir Trump de chegar à Casa Branca, então o sucesso do democrata pode muito bem ser a última esperança para o país como o conhecemos”.

Estamos diante um jornalista negro que, ao escrever o artigo, se coloca como porta-voz dos negros norte-americanos, o qual estaria declarando o seu apoio a Joe Biden. Antes de qualquer análise, de qualquer consideração, ele já apresenta que, para o conjunto da população negra norte-americana – 40 milhões de pessoas, um total de 12% da população – o melhor é que Biden seja reeleito. Estamos falando, para que fique claro, de 20% do total de pessoas abaixo da linha da pobreza no país.

“É por isso que é tão angustiante que ele não consiga conquistar os eleitores de que precisa para exercer um segundo mandato”, completa Charles M. Blow, mostrando sua preocupação com a reeleição do democrata.

O artigo norte-americano defende, para o setor mais esmagado da população norte-americana, a continuidade de uma política que gastou oito trilhões de dólares nas últimas décadas para promover guerras em todo o mundo, enquanto uma parcela gigantesca da população se encontra endividada. Em 2023, a dívida das famílias norte-americanas chegou a 17 trilhões de dólares.

O articulista do The New York Times tenta apresentar um balanço positivo da administração de Biden até agora:

“É um contraste em relação a Trump, que oferece aos EUA uma perspectiva de futuro, ainda que ela seja a mais sombria e desoladora imaginável”.

E qual seria o grande feito do governo Biden?

“A Casa Branca tem sido rápida, com razão, em destacar as medidas que promoveu em diversas áreas para tornar a sociedade americana mais igualitária”.

Tudo o que Charles M. Blow tem a favor de Biden seria, portanto, a política identitária. Isto é, as migalhas distribuídas a 0,000001% dos negros, a 0,000001% das mulheres e a 0,000001% dos imigrantes. Meia dúzia de cargos e muita demagogia, enquanto a população carcerária não para de aumentar e a miséria não para de crescer.

O articulista norte-americano tenta, então, explicar o motivo que teria levado a um afastamento dos eleitores negros do Partido Democrata. Vale destacar, inclusive, que esse afastamento era inevitável uma vez que uma parte expressiva da votação negra em Joe Biden foi o resultado de uma operação política, de uma grande chantagem eleitoral, e não de uma adesão real ao programa de Joe Biden:

“Mas a preocupação de muitos eleitores, negros em especial, no que se refere a Biden gira em torno de algumas questões-chave: dificuldades econômicas, independentemente do que os indicadores econômicos apontam; um punhado de promessas fundamentais, como incrementar as proteções ao direito ao voto, que os republicanos impediram que Biden cumprisse”.

Em resumo: a preocupação dos negros norte-americanos é com tudo aquilo que a política de Joe Biden não tem resposta. As necessidades do povo norte-americano estão em total contradição com a política neoliberal, defendida pelo Partido Democrata..

Mas o que mais chama a atenção é que o articulista não consegue esconder o real motivo para a maior crise entre o povo negro e Joe Biden neste momento: “(…) e, para os eleitores negros mais jovens, a forma como ele vem lidando com a guerra entre Israel e o Hamas”.

Trata-se, obviamente, de um eufemismo. O problema não é “a forma” com que vem lidando. O problema é que Joe Biden é a autoridade mais importante de toda a guerra no Oriente Médio. Se o seu governo decidir cortar o apoio a “Israel”, a guerra não duraria um mês. O Partido Democrata é, portanto, o maior financiador, apoiador e mentor do genocídio contra o povo palestino.

E é por isto que há não apenas insatisfação, mas uma verdadeira revolta contra o governo de Joe Biden. O presidente norte-americano não está apenas levando adiante uma política errada: ele é o principal responsável pelo problema. Joe Biden e todo o sistema político que representa são os grandes responsáveis pela existência de “Israel”.

Neste sentido, apresentar uma lista de conselhos que Biden deveria seguir para que contemple o povo negro é absolutamente ridículo. Seria o mesmo que pedir a Hitler para maltratar menos os judeus.

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