Nessa segunda-feira (22), as tropas israelenses intensificaram a sua invasão da cidade de Khan Younis, localizada ao sul da Faixa de Gaza. Cenário de incontáveis massacres ao longo das décadas, a cidade palestina tem sido considerada por analistas como “o epicentro dos combates nas últimas semanas”.
De acordo com a emissora catariana Al Jazeera, pelo menos 190 pessoas já foram mortas e 340 ficaram feridas em Gaza nas 24 horas que antecederam o fechamento desta edição. Ao menos 50 das mortes ocorreram em Khan Yunis.
Em declaração feita pelo Ministério da Saúde em Gaza à agência imperialista Reuters, as tropas sionistas invadiram o hospital Al-Khair, em Kahn Yunis, e prenderam a equipe médica. A agência de notícias ainda reconheceu a segunda-feira como “o dia mais sangrento” de todo o mês de janeiro.
De acordo com a Sociedade do Crescente Vermelho Palestino, organização humanitária criada por Fathi Arafat, irmão de Yasser Arafat, tanques israelenses também cercaram o hospital Al-Amal, também em Khan Younis.
“Estamos profundamente preocupados com o que está acontecendo em torno do nosso hospital”, disse Tommaso Della Longa, porta-voz da organização humanitária. Segundo ele, a Sociedade do Crescente Vermelho perdeu contato com a equipe de Al-Amal.
“As ambulâncias não podem entrar ou sair e não podemos prestar cuidados de saúde de emergência a pessoas na área.”
De acordo com moradores de Khan Yunis, o bombardeio aéreo, terrestre e marítimo teria sido o mais intenso na região desde o início da reação de “Israel” à Operação Dilúvio al-Aqsa. Os intensos bombardeios, ao mesmo tempo que vêm elevando o número de assassinatos de civis, vêm provocando também os chamados “deslocamentos” – isto é, a expulsão forçada de milhares de palestinos de suas propriedades, que cada vez mais se amontoam em cidades como Rafá, na fronteira como o Egito.
“Esta é a sétima vez que me desalojo”, disse Mariam Abu-Haleeb, chorando em uma carroça cercada por suas posses.
Um menino, chamado Ahmad Abu-Shaweesh, afirmou à Reuters ter se abrigado na Universidade de Al-Aqsa apenas para encontrar a instituição sob ataque.
“Dificilmente conseguimos sair da universidade sob o bombardeio. Não esperávamos os tanques nos portões da universidade.”
No Hospital Nasser, o único grande hospital ainda acessível em Khan Younis, vídeos mostram como o setor de traumas está sobrecarregado. Ahmed Abu Mustafa, um médico da emergência, disse que não dormia há 30 horas e estava tratando mais de dez pacientes em uma unidade de terapia intensiva com apenas quatro camas.
Do lado de fora do hospital, homens são vistos cavando túmulos dentro do hospital, para não correrem o risco de serem atingidos no caminho para algum cemitério. Conforme denunciado pelo Hamas, dezenas de cemitérios já foram destruídos pelos ataques de “Israel”. Um total de 40 pessoas já foram enterradas nas imediações do Hospital Nasser.
Em vídeo publicado pelo canal Palestina Hoy, centenas de palestinos são vistos deixando suas propriedades em Khan Yunis. As imagens, estarrecedoras, parecem retratar os acontecimentos da Nakba, a catástrofe palestina, que resultou na expulsão de mais de 700 mil pessoas para o estabelecimento do Estado de “Israel”.
As barbaridades praticadas contra os palestinos em Khan Yunis mostram a total falta de escrúpulos das tropas israelenses contra os civis. Impedir o acesso de pessoas a hospitais é crime de guerra, é um atentado covarde à população civil. Apesar disso, os crimes vistos em Khan Yunis não expressam uma vitória militar de “Israel”, mas, pelo contrário, revelam uma situação de desespero.
Ao comentar a decisão das forças de ocupação sionistas de migrarem do norte da Faixa de Gaza para o sul, atingindo, assim, a população de Khan Yunis, o comandante Robinson Farinazzo afirmou, durante sua participação no programa Análise Internacional, transmitido pelo Diário Causa Operária no YouTube:
“Eles [os israelenses] estão perdidos […] Eu penso que a situação internacional piora a cada dia […] Está sendo o Vietnã de Israel.”
O presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, concordou com o comandante. Em sua participação no mesmo programa, transmitido no dia 22 de janeiro, o dirigente trotskista afirmou que os israelenses estariam “completamente perdidos”.




