Estudos realizados por diferentes instituições como: Fundação Getúlio Vargas (FGV), PUC – Rio, Departamento de Defesa norte-americano, Fórum Brasileiro de Segurança Pública e USP, apresentaram resultados que apontam em diferentes direções a respeito do uso de câmeras corporais em policiais ao redor do mundo.
No Brasil, a FGV, apontou resultados positivos em mortes por intervenção policial comparando batalhões que usam com aqueles que não usam o equipamento, a diferença foi a redução de 57% das mortes em decorrência da ação policial
Já a PUC-Rio em parceria com universidades britânicas, apontou queda de 61% no uso da força por parte de policiais.
No estado de São Paulo, a polêmica ganhou destaque após a recente declaração do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas, que negou a efetividade do equipamento em ações policiais, na ocasião em que renovou o contrato do programa do uso de câmeras até o próximo mês de junho.
As maneiras de se utilizar as câmeras variam em duas formas: o equipamento pode gravar todo o turno do policial em monitoramento, ou o próprio agente aciona o dispositivo quando julgar necessário.
O primeiro método é menos utilizado, porém, é esse o utilizado pela PM paulista. Na ocasião dos massacres realizados em julho do ano passado pela Polícia Militar, o uso das câmeras estava em vigor.
Porém, a câmera estava acionada em um modo, que as imagens são gravadas com baixa qualidade e sem som, cabendo ao policial mudar o modo de utilização do aparelho quando estivesse em ocorrência. Algo que não aconteceu em uma filmagem que pretendia esclarecer a causa da morte de uma das vítimas de um sargento da PM, presente na operação do Guarujá.
A imagem mostra o PM apontando o fuzil para a porta da vítima, mas não se pode provar dessa maneira que ele próprio atirou no indivíduo, colaborando assim para a defesa do sargento.
Esse caso demonstra que o uso ou não das câmeras ou se ela será acionada pelo policial em qualquer momento que seja, não vai impedir o massacre da população pobre pelas mãos da polícia. Afinal, sempre estará em poder da própria instituição o controle das imagens.
O que não faltam nas redes sociais são imagens do abuso cometidos por policiais em todo o mundo que por fim não acarretam nenhuma consequência séria para o policial. Com ou sem o uso da câmera, pelo modo criminoso pelo qual atuam as polícias em qualquer lugar, sempre haverá um jeito para perpetuar a mesma conduta de sempre com a população oprimida.
Tarcísio de Freitas desaprova o uso das câmeras, não porque acredita que ela impeça o massacre de pessoas pela PM, mas sim pela necessidade de estar próximo de sua base eleitoral. Afinal, entre precisar driblar o uso da câmera e não precisar nem usá-la, a segunda opção de fato é melhor para o trabalho da PM, porém para a população não fará diferença alguma.
O professor Leandro Piquet Carneiro, professor da Escola de Segurança Multidirecional da USP, ignora esses fatores e afirma: “essas tecnologias vieram para ficar, elas ajudam muito no processo de planejamento de segurança pública”.
Somente se essas imagens ficassem sob monitoramento de controle popular sem nenhuma interferência da polícia é que talvez poderíamos ter algum avanço nesse sentido. Porém, tal situação não é possível dentro do estado burguês.
Somente através do controle popular sobre a segurança pública é que será possível acabar com todo o massacre promovido por essa instituição que é herdeira da ditadura militar. Com ou sem câmeras, o povo nunca será protegido pela polícia comandada pela burguesia.