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Corte Internacional de Justiça

MRT embeleza o imperialismo e ignora feitos da resistência armada

O Movimento Revolucionário dos Trabalhadores (MRT) descreve a situação crítica de "Israel" e do imperialismo ocultando e diminuindo todo o papel da luta árabe revolucionária

Na última quarta-feira (17), o portal Esquerda Diário, ligado ao MRT, publicou o seguinte artigo: Haia: Israel determinado a continuar seu genocídio, Netanyahu mostra sinais de nervosismo. Ao longo do texto, o veículo apresenta Netanyahu como adotando, no momento, uma posição defensiva frente à situação política internacional e nacional em “Israel”, já que as condições estariam desfavoráveis. No entanto, apesar de se afirmar revolucionário, o MRT analisa a situação ignorando completamente a luta revolucionária travada pelos grupos armados palestinos e seu papel no cenário político. Vejamos:

“A África do Sul fez sua argumentação na quinta-feira. Uma argumentação esclarecedora que, ao destacar a ‘intenção’ e o ‘comportamento genocida’ de Israel em Gaza, também revelou elementos de fragilização de Israel na arena internacional […] Embora Israel costumeiramente boicote este tribunal superior da ONU, Tel Aviv decidiu desta vez enviar seus melhores juristas para os Países Baixos para orquestrar sua defesa.”

De olhos vendados para a revolução

O MRT atribui a revelação da fragilização de “Israel” à argumentação da África do Sul, algo longe da realidade. De fato, o processo da África do Sul é sintoma da fragilização de “Israel”, mas não é uma causa, e também não revela coisa alguma por sua “argumentação”. A participação do Estado sionista no processo é outro sintoma. Se trata de uma ação política de um país atrasado contra o enclave do imperialismo no Oriente Médio, é esse o ponto. O fundamental, portanto, é a razão para o estabelecimento do processo. Mas chegaremos lá.

“Obrigado a justificar sua política durante este processo judicial, o primeiro-ministro israelense mostrou os primeiros sinais de fragilidade, como a mudança de retórica em relação às soluções mais extremas propostas por seus aliados de extrema-direita. Essa fragilidade ilustra, de maneira distorcida, a pressão exercida pelos aliados de Israel, como os Estados Unidos e o Reino Unido, onde os governos enfrentam importantes mobilizações em apoio à Palestina.”

“O terreno crucial para impor nossas reivindicações é, portanto, o terreno da mobilização.”

Vejamos então: o problema para Netanyahu seriam as manifestações nos EUA e Inglaterra, e a pressão destes governos sobre ele. Sem dúvida, as mobilizações no centro do imperialismo cumprem um papel importante, mas não ocorrem do nada. Novamente, o motivo do desenvolvimento atual da situação é ocultado pelo MRT, que faz um chamado genérico à mobilização.

A crise, o motivo da situação crítica não só do governo Netanyahu, mas do Estado de “Israel”, é a luta armada palestina. O prolongamento do conflito fruto da resistência é o que amplificou e amplifica ainda a crise, e a indignação dos trabalhadores pelo mundo. Daí surgem as manifestações, e a pressão sobre os governos, como o próprio governo da África do Sul, que esperou meses para abrir o processo, tratado como ponto fundamental pelo MRT.

Por que os EUA pressionaria “Israel” contra uma intensificação da política que adota desde sua fundação, há 75 anos? Justamente uma crise se desenvolve e um fator central para a deterioração da posição do imperialismo é a luta armada do povo palestino. Mas por que uma organização que se diz revolucionária omite a luta revolucionária do Hamas e das demais organizações armadas palestinas?

A análise errada que leva à confusão

Outro artigo do MRT, no mesmo portal, nos ajuda a entender a posição deste sobre a luta palestina. De 2 de janeiro, Nova Fase do Genocídio | Israel assassina 2º líder do Hamas em ataque no Líbano e afirma que seguirá ofensiva em 2024 trata a guerra como uma vitória constante de “Israel”, mesmo após constantes sinais do contrário:

“Em recente declaração Israel informou ao mundo que passará sua ofensiva racista e colonialista para uma nova etapa, realizando retorno tático de algumas tropas que ocupam a faixa de Gaza. A mídia burguesa internacional vem propagando que seria uma ‘retirada de tropas da faixa de Gaza’, como um sinal de recuo. Mas o próprio Estado de Israel nega categoricamente o fim da ‘guerra’.”

Ou seja, a própria imprensa imperialista é forçada pela situação a admitir que suas forças enfrentam uma derrota militar, mas o MRT acredita que essa verdadeira desmoralização internacional seria gratuita, um “retorno tático”. Uma flagrante retirada de tropas, que se poderia chamar por outro nome: fuga. As forças israelenses vêm sofrendo uma derrota humilhante na Faixa de Gaza, essa é a realidade.

O MRT, contudo, continua atribuindo toda a situação ao Estado sionista, caracterizando-a como um “pavio em chamas ascendido [sic] por Israel que deixa tudo ainda mais complexo diante das eleições presidenciais norte-americana [sic] de 2024”. Não a ação revolucionária do Hamas, mas “Israel” é o fator de crise, algo completamente sem sentido. A entidade sionista não pode ceder por justamente ser uma base militar do imperialismo na região, não pode apresentar fraqueza, logo, necessariamente, precisa responder a qualquer ação militar de maneira fervorosa. O rebaixamento dado pelo MRT à luta revolucionária é tal que a ação do Ansar Alá (Hutis) no Iêmen é digna de uma passagem breve:

“Recentemente os houthis, outro grupo paramilitar nacional-fundamentalista do Iêmen, vem atacando navios israelenses no Mar Vermelho, ponto estratégico de abastecimento e logístico do estado Sionista.”

A ação do Ansar Alá, que é caracterizado pelo MRT com as mesmas palavras utilizadas pelo imperialismo, é a ação do governo do Iêmen, que passou por uma revolução vitoriosa, e hoje ocupa o governo do país, é uma ação de guerra contra o imperialismo mundial. A declaração de guerra a “Israel”, até o momento, só foi dada por este país, e não à toa.

Podemos concluir, pelos artigos, que falas em tribunais, protestos pacíficos e pressões diversas têm efeito político real para o MRT, mas não a luta revolucionária da resistência armada que é linha de frente no combate contra o Estado nazista de “Israel”.

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