Sem uma estrutura orgânica que as guie, as distintas facções do que outrora compôs o “Juntos por el Cambio” se viram diante da pressão imposta por Javier Milei para que o Congresso ratifique, de maneira pouco questionável, tanto a lei ônibus quanto o decreto.
Enquanto a ala mais inflexível do PRO persiste no respaldo ao governo, outros, como o líder do bloco vinculado aos governadores, Miguel Pichetto, preferem adotar uma abordagem de “diálogo” e solicitam modificações no pacote. Carrió, por sua vez, criticou as formas e classificou o DNU como “inconstitucional”.
Frente ao comentário do Presidente sobre a suposta expectativa de propinas por parte de deputados e senadores, Pichetto viu-se compelido a pedir que “não agrida o Congresso”. O deputado considera, no entanto, bastante provável que o oficialismo assegure os votos necessários. “Há disposição e boa vontade” em seu bloco para apoiar as propostas encaminhadas ao Congresso, afirmou. “É bastante difícil que o DNU seja rejeitado”, assegurou.
Pichetto opinou que Milei mantém “uma postura muito dura com todos os setores” e “acredita que os consensos não são úteis”. Para o deputado, essa postura tem uma razão: “Eu sei que o Presidente acredita que o consenso não é útil, pois está imbuído no livro de liderança de (Henry) Kissinger e na parte relevante de Margaret Thatcher, onde não se constrói liderança com consenso”, argumentou.
Quanto à pretensão de Milei de que o Congresso dê seu respaldo ao DNU conforme enviado, ou seja, incluindo todos os seus artigos, a possibilidade foi rejeitada pelos legisladores da chamada “oposição amiga”. A vice-presidente primeira do Senado, Carolina Losada (UCR), afirmou que embora “Juntos por el Cambio esteja disposto a apoiar a maioria das reformas”, há pontos do decreto “que precisam ser revistos e discutidos”. “É importante que Javier entenda que o Congresso precisa discutir e que podemos obter algo mais rico e rápido”, condicionou Losada.
Em posição semelhante, a presidente da Coalición Cívica, Elisa Carrió, afirmou que sua força está disposta a “reconduzir” as reformas contidas no DNU e na Lei Ômnibus para “adequá-las à ordem jurídica constitucional”, mas Carrió esclareceu que a “delegação de poderes” implícita é “excepcional e inadmissível”.
Por fim, Diego Santilli afirmou que “a Lei Ônibus e o DNU precisam ser aprovados. Acabou a Argentina dos espertos de sempre que só cuidam de seus interesses e privilégios, enquanto viram as costas para os argentinos”.
Efetivamente, a tal “oposição a Milei”, que, na verdade, é composto pela ala macrista do regime político argentino, vai aprovar a DNU de Milei e a lei Ônibus. As posições colocadas são mero jogo de cena,