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Eleições municipais

Chapa Boulos-Marta é tentativa de liquidar o PT

Articulista do Brasil 247 compara Marta Suplicy a Cristina Kirchner

Em artigo intitulado Marta está mais para Cristina que para Alckmin, o jornalista Alex Solnik, do Brasil 247, apresenta a ideia exótica de Marta Suplicy cumpriria, na chapa Boulos-Marta, um papel semelhante ao que Cristina Kirchner cumpriu nas eleições argentinas de 2019, que foram vencidas pelo peronista Alberto Fernández. A comparação revela a total falta de capacidade de o articulista compreender tanto o conteúdo da candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) para prefeito de São Paulo, quanto compreender o processo político argentino.

Diz Solnik:

“Guardadas as devidas proporções, Marta é a Cristina Kirchner de Boulos. Embora vice de Alberto Fernandez, ela sempre foi, desde a campanha, a figura principal da chapa e do governo, suscitando comentários e suspeitas de que ela era a mandachuva e não ele.

Acabaram brigando. E estão rompidos até hoje”.

Tratam-se, no entanto, de casos absolutamente distintos. No caso argentino, Cristina Kirchner é simplesmente a liderança política de maior popularidade do país. Ela a expressão do nacionalismo burguês na Argentina, a expressão de um movimento de massas com características anti-imperialistas. Em 2019, ela não simplesmente “ajudou” a candidatura de Alberto Fernández, ela foi quem tornou a candidatura de Fernández viável.

O fato é que lançar Kirchner como candidata a vice foi uma manobra bastante arriscada da esquerda argentina, mas que tinha o seguinte raciocínio: como a ex-presidente estava sob um cerco judicial, semelhante ao que ocorreu com Lula em 2018 e impediu sua candidatura, causaria um menor atrito ela apoiar um outro candidato. Lançar Cristina Kirchner como candidato foi uma manobra semelhante à escolha de Fernando Haddad em 2018, com a única diferença de que ela ingressou na chapa como vice. Tratava-se, portanto, de uma tentativa de transferir os votos de Kirchner para Fernández.

O problema é que a transferência de votos é uma operação complexa, como pôde ser visto no Brasil. Nem todo mundo que votaria em Lula votou em Haddad. Em grande medida, Fernández só conseguiu vencer porque a impopularidade do então presidente, Mauricio Macri, era muito grande.

Se Cristina Kirchner fosse quem mandasse no governo, seria absolutamente justo. Afinal, Fernández não era nada: era um elemento direitista que o kirchnerismo lançou candidato para tentar driblar o cerco golpista que foi imposto à esquerda. Contudo, Cristina Kirchner nunca chegou a mandar no governo: na medida em que sua candidatura de vice-presidente era uma capitulação para a direita, tal decisão fortaleceu a ala direita do peronismo, que foi efetivamente quem governou o país de 2019 até 2023. O governo Fernández não foi, nem de longe, o governo Kirchner: foi um governo direitista, que fez apenas algum aceno esquerdista para evitar uma rebelião da base kirchnerista.

Chegamos agora ao caso Boulos. Marta Suplicy, em primeiro lugar, nada tem de popular. Embora tenha sido prefeita de São Paulo há muitos anos, não lidera qualquer movimento de massas. Muito pelo contrário: sua gestão foi marcada por uma série de medidas direitistas e repressiva. Como se não bastasse, Marta Suplicy, em 2015, mergulhou de cabeça na campanha golpista contra o PT, abandonando o partido. Se marta Suplicy tem alguma importância política, ela vem do fato de que é uma política burguesa e, portanto, tem relações com setores relativamente poderosos da burguesia. Do ponto de vista da popularidade, em nada ajudaria Boulos ou qualquer candidato.

Apesar da impopularidade de Marta Suplicy, é preciso destacar que Boulos também não é uma figura popular. Pelo contrário: é também um político burguês, impulsionado pela Folha de S.Paulo e pela Rede Globo. É, em grande medida, um homem do PSDB, Não deveria reclamar, portanto, se fosse “ofuscado” por sua vice.

Mas o pior de tudo é que a chapa Boulos-Marta é, assim como no caso argentino, também o resultado de uma capitulação. Neste caso, uma capitulação dupla do Partido dos Trabalhadores (PT), o maior partido de esquerda da América Latina, com mais de dois milhões de filiados. O PT, em primeiro lugar, capitulou em abrir mão de uma candidatura própria para apoiar Guilherme Boulos, uma figura que, além de direitista, não apresenta grandes chances de vencer as eleições. Trata-se tão somente de uma capitulação perante a burguesia, que vê com muito mais bons olhos uma candidatura de um partido como o PSOL que um partido como o PT, que, além de grande e com uma ampla base popular, é também o partido do presidente da República.

A segunda capitulação é o fato de ter aceitado que a vice de Boulos seja um inimigo do PT. Marta Suplicy, que apoiou o golpe, estava em outro partido e irá se filiar ao PT apenas para participar do pleito. O PT irá apoiar uma chapa “golpista puro sangue”, uma chapa de inimigos políticos.

Nessas circunstâncias, em que PSOL e Marta Suplicy estão pressionando o PT para abrir mão de seu poder, não há como esperar um Boulos “apagado”. Na verdade, quem está sendo deixado de lado é o próprio PT.

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