Para coroar toda a farsa do ato da “Democracia inabalada”, a ser realizado neste 8 de janeiro, no Congresso Nacional, sai a notícia de que participarão das “festividades” os três comandantes das Forças Armadas brasileiras – Exército, Marinha e Aeronáutica. A participação dos militares foi uma exigência de José Múcio Monteiro, ministro da defesa do Brasil, e o pretexto seria demonstrar que as F.A. estariam compromissadas com a defesa da democracia no Brasil.
O absurdo do argumento chama a atenção até do mais ingênuo interlocutor. É evidente que as Forças Armadas brasileiras de democrática não têm nada. E, no caso dos atos bolsonaristas do 8 de janeiro (erroneamente classificados como “tentativa de golpe”), a coisa é até pior porque os militares foram os principais responsáveis por sua organização.
Nesse sentido, o 8 de janeiro de 24, dia do ato “Democracia inabalada”, supostamente idealizado por Lula e que contará com a participação dos golpistas do STF, do Congresso Nacional e da cúpula lavajatista do Judiciário, ganha, com a adesão dos militares, um aspecto de 1º de abril – não só pelo fato deste ser o Dia da Mentira, mas também porque é o dia do infame golpe militar de 1964 (por mais que a direita queira transportá-lo para o dia 31 de março).
No Brasil, ao se falar em “golpe” é difícil não vir à mente a imagem de uma pessoa trajada com uniforme militar. Trata-se do símbolo maior dos golpistas brasileiros. As Forças Armadas brasileiras são, desde pelo menos a Segunda Guerra Mundial, totalmente submissas ao imperialismo norte-americano, atuando como ponta de lança em qualquer operação golpista no Brasil.
Inclusive, é preciso salientar que, desde o fim da Ditadura Militar, não houve nenhuma mudança ou punição aos militares que comandaram aquele período de terror, carnificina e retrocesso político no país. Os mesmos criminosos integram o comando das Forças Armadas até os dias de hoje. Não é possível considerar, sob hipótese nenhuma, que se tratam de democratas.
O Partido da Causa Operária disse, desde o começo, que a campanha de que o 8 de janeiro teria sido uma tentativa de golpe teria consequências terríveis para a população – como a prisão de pessoas comuns, cassação das liberdades democráticas, uma confusão muito grande com relação a situação política – e que nada aconteceria para os verdadeiros autores das manifestações, a alta cúpula das Forças Armadas.
Dito e feito, já se passou um ano desde o ocorrido e não se ouve falar de um oficial sequer das Forças Armadas que tenha sido punido ou sequer demitido. Embora todos saibam que este é o principal setor do golpismo no Brasil e que foram eles que promoveram o 8 de janeiro para desestabilizar o governo, não há nada feito contra eles.
O Exército e Marinha divulgaram para a imprensa, recentemente, que não encontraram, dentro de suas fileiras, nenhum índice de crime, realizaram apenas leves medidas disciplinares contra soldados que tenham tirado alguma foto em frente aos acampamentos bolsonaristas ou à manifestação do 8 de janeiro. A investigação, obviamente, foi conduzida pelos próprios militares.
A participação dos militares dá a oportunidade de demonstrar a todos a verdadeira natureza da manifestação do dia 8: é uma grande farsa. O desserviço que toda essa pantomima presta para a população é gigantesco: enquanto se espera que o PT estabeleça uma linha clara de separação entre ele e os golpistas, fazem o oposto e se misturam. A política falida da direita é sustentada por uma esquerda confusa.
O 8 de janeiro também demonstra a dificuldade que o PT e a esquerda têm de se mobilizar por algo que não seja junto com a burguesia e com setores criminosos como os militares. Pela ausência do PT nos atos da Palestina e mesmo em outras questões, e pela grande avidez com que se vê a convocação para o 8 de janeiro (Lula estaria cuidando dessa questão pessoalmente), se vê que há uma maior disposição em ir para a rua em um ato farsa com os militares do que em mobilizar o povo para defender os palestinos.
O PCO não irá, de forma alguma, participar das manifestações do 8 de janeiro e convida a todos que não queiram estar em um palanque junto com golpistas a não participarem também. A mobilização popular deve ser para defender os interesses populares e não para reciclar o lixo direitista. Essa fusão com os golpistas deve ser amplamente denunciada e criticada.