Youcef Atal, jogador de futebol argelino que atua no clube francês Nice, foi condenado a oito meses de suspensão e a uma multa de 45 mil euros (49 mil dólares) por um tribunal da cidade de Nice, por uma publicação nas redes sociais em que defendeu a Palestina.
Em razão da sentença, ele ainda ficará incumbido de pagar para que os detalhes de sua condenação sejam publicados no diário regional Nice-Matin e no jornal nacional Le Monde, e não só. Os censores franceses ainda obrigaram o jogador a deixar visível, em seu próprio perfil do instagram, a condenação.
Tais medidas são parte de uma perseguição política escancarada contra o jogador e tem a função óbvia de calar todos aqueles desportistas que querem manifestar sua defesa ao povo palestino. O jogador, com medo de perder sua carreira ou mesmo sua vida, se desculpou pela publicação.
“Estou ciente de que minha postagem chocou muitas pessoas, o que não era minha intenção, e peço desculpas”, disse Atal, de 27 anos, no Instagram na época. Hoje Israel já matou mais de 30 mil pessoas na Palestina, a maioria mulheres e crianças.
“Compartilhar um vídeo significa participar de sua mensagem e dar-lhe visibilidade”, disse a promotora Meggi Choutia ao tribunal. Ou seja, a opinião do jogador em defesa dos palestinos lhe rendeu uma suspensão gigantesca e ainda foi coagido a mudar de opinião, por puro medo. Isso, para quem está animado com Alexandre de Moraes, é o que nos aguarda no Brasil.
A promotora ainda exigiu que o jogador falasse de paz. “Não se fala de paz em nenhum momento nestes 35 segundos”, finalizou. Ou seja, só se pode defender “Israel” nas redes sociais, ou a “paz” genericamente falando. Defender a Palestina é praticar um crime – um crime de opinião, tão querido da burguesia mundial.
O crime de opinião, agora, tem um nome bonito, agradável. Se trata de crime de ódio racial, ou incitação ao ódio religioso. Se colocar contra o massacre dos palestinos na Faixa de Gaza é praticar incitação ao ódio, religioso ou racial. Praticar genocídio contra mais de 30 mil pessoas, não, isso é “combate ao terrorismo”.
O jogador foi obrigado a editar sua opinião: “quero esclarecer o meu ponto de vista sem qualquer ambiguidade: denuncio veementemente todas as formas de violência, em qualquer parte do mundo, e apoio todas as vítimas da violência. Eu nunca apoiaria uma mensagem de ódio. A paz é um ideal no qual acredito fortemente.”
Outro jogador de futebol decidiu enfrentar a censura mundial e defender a Palestina, apesar das consequências. “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, escreveu Anwar El Ghazi, jogador Mainz 05, da Alemanha, e acabou sendo demitido do clube.
Em razão disso, publicou, em sua página do Twitter: “defenda o que é certo, mesmo que signifique ficar sozinho. A perda do meu sustento é nada quando comparado com o inferno sendo liberado nos inocentes e vulneráveis em Gaza”.
O clube alemão, por outro lado, afirmou: “Mainz respeita o fato de existirem diferentes perspectivas sobre o complexo conflito no Oriente Médio que se arrasta há décadas. No entanto, o clube distancia-se do conteúdo da postagem, que não se alinha com os valores do nosso clube”, ou seja, o clube defende os interesses de “Israel” na região.
Dentre outros, o lateral-direito da Inter de Milão, da Itália, Achraf Hakimi; o zagueiro alemão de origem albanesa Shkodran Mustafi, do Schalke 04, da Alemanha; o ponta-esquerda francês Franck Ribéry, da Fiorentina, da Itália; e o atacante francês naturalizado malinês Moussa Marega, do clube português Porto, também se manifestaram em suas redes contra os ataques de “Israel” à Palestina.
Todos os acontecimentos revelam que a censura mundial está a serviço do sionismo e, naturalmente, de seus patrocinadores, o imperialismo. Será assim na questão palestina, mais aguda e sensível, mas será assim também em qualquer outra questão crítica para os interesses imperialistas mundiais como foi com a coação de atletas russos desde o início da Operação Militar Especial na Ucrânia.