Palestina

90 dias Operação Dilúvio al-Aqsa: o começo do fim de ‘Israel’

“A verdade dos fatos é o seguinte: do ponto de vista militar o ano tá terminando com uma vitória descomunal, espetacular da resistência armada palestina”.

Hoje, 5 de janeiro de 2024, completam-se 90 dias da Operação Dilúvio Al-Aqsa, isto é, a ação militar revolucionária da resistência palestina que, liderada pelo Hamas, desferiu um profundo e desestabilizador golpe no Estado de “Israel” e no conjunto do imperialismo no dia 7 de outubro de 2023.

Naquele dia, combatentes do Hamas, da Jiade Islâmica, da Frente Popular de Libertação da Palestina e da Frente Democrática para a Libertação da Palestina desataram uma incursão militar contra o território que “Israel” havia expropriado dos palestinos no decorrer das últimas décadas. A incursão, preparada, ao que tudo indica, com cuidadoso planejamento e ao longo de anos, foi realizada por ar, terra e mar. Bases militares sionistas foram temporariamente capturadas, militares israelenses aniquilados, e prisioneiros capturados e levados a Gaza para que, eventualmente, “Israel” fosse obrigado a libertar palestinos há anos nos cárceres israelenses.

O dia 7 de outubro foi a primeira vitória da resistência, no que diz respeito a estes últimos três meses. E foi uma vitória que promoveu uma desestabilização sem precedentes na história de “Israel”, e que há muito não se via na história do imperialismo.

A desestabilização deu-se pelo fato de que a ação revolucionária demonstrou uma profunda fraqueza do Estado sionista em geral, e de sua ditadura fascista em específico. Afinal, o que ficou patente, a primeiro momento, é que “Israel” e sua burocracia militar, na qual está incluso seu aparato de inteligência, fora pego completamente desprevenido.

Imediatamente após o “Dilúvio Al-Aqsa”, o Estado de “Israel” deu início a um bombardeio genocida da Faixa de Gaza, que perdura até os dias atuais. Já foram mais de 20 mil palestinos assassinados, dos quais mais de oito mil crianças e seis mil mulheres. Com a primeira fase do bombardeio, realizada contra a região norte de Gaza, foi desatada uma invasão terrestre por parte das Forças de Defesa de “Israel” (FDI).

Foi a partir de então que uma nova vitória da resistência palestina começou a se desenrolar. Através de uma eficiente guerra de guerrilhas, os combatentes do Hamas, da Jiade Islâmica, da FPLP e FDLP e de outros grupos promoveram pesadas baixas nas fileiras das tropas sionistas. De forma que, recentemente, órgãos da própria imprensa sionista noticiaram que as forças armadas israelenses já haviam sofrido mais de cinco mil baixas, das quais 500 mortos.

Igualmente, foi divulgada a notícia de que deserções ocorreram em batalhões que travaram combates no norte de Gaza, informação esta confirmada pelas próprias forças armadas.

Na medida em que as batalhas foram sendo travadas, a resistência impõe pesadas baixas aos sionistas. Como estes não estavam conseguindo obter nenhum objetivo militar significativo contra o Hamas e demais grupos armados, o governo Netanyahu foi obrigado a aceitar uma trégua ao final do mês de novembro de 2023. Para além de um cessar-fogo temporário, a trégua resultou na troca de prisioneiros, libertando inúmeros palestinos que estavam há anos presos nas masmorras sionistas.

A trégua alcançada foi a segunda grande vitória do Hamas e da resistência palestina, na conjuntura do conflito que vem ocorrendo desde o 7 de outubro. Nesse sentido, contribuiu para aprofundar mais ainda a crise de “Israel”.

Assim, não demorou para que “Israel” violasse o acordo temporário, retomando novamente os bombardeios criminosos contra Gaza, e a repressão fascista contra os palestinos na Cisjordânia.

Contudo, não obstante todo o morticínio e o seguimento dos bombardeios e ações repressivas, a popularidade do Hamas só fez aumentar em meio aos palestinos, sejam os de Gaza, mas especialmente os da Cisjordânia.

Vale frisar que, durante todos esses meses, a situação não ficou contida no Oriente Médio. O genocídio perpetrado por “Israel” contra os palestinos fez com que os trabalhadores de dezenas de países em todo mundo, inclusive os dos países imperialistas, sejam os Estados Unidos ou os europeus, saíssem às ruas em defesa da Palestina, aumentando profundamente a crise do imperialismo. Em face disto, o imperialismo, em especial os países europeus, passou a reprimir as manifestações, revelando o quão ditatorial são os regimes que se dizem democráticos, a exemplo de França, Alemanha e Inglaterra.

Contudo, a tentativa de reprimir não foi suficiente para conter as mobilizações, que continuaram e cresceram, em número e em intensidade. Isto forçou tais países, e todos os demais países a pressionarem “Israel” a, senão cessar o genocídio, ao menos adotar outra política.

E aí houve a terceira vitória do Hamas e da resistência. A Operação Dilúvio Al-Aqsa serviu para desmascarar mais décadas de intensa propaganda do sionismo e do imperialismo, de que “Israel” era não apenas uma democracia, mas a única democracia do Oriente Médio. E está servindo, igualmente, para revelar todos os podres por trás da fundação do Estado de “Israel”, e como ele foi erguido sobre a limpeza étnica da Palestina, isto é, a expulsão de quase um milhão de palestinos de suas terras, o roubo e a destruição de suas propriedades.

E não é só.

À medida que o conflito continua, o apoio à resistência palestina, vindo de outros grupos armados, se intensifica, a exemplo das milícias xiitas no Iraque e na Síria, que seguem realizando constantes ataques contra as bases dos Estados Unidos nos respectivos países. Além destes, há os Ansar Alá, isto é, os Hutis, do Iêmen, que instituíram um bloqueio militar/comercial no Mar Mediterrâneo contra todas as embarcações israelenses e também aquelas de outras nacionalidades, mas que são direcionadas a “Israel” ou que partem do Estado sionista. O bloqueio vem representando uma crise tamanha para o imperialismo, tão grande que os Estados Unidos foram forçados a formar uma coalizão de 20 países para tentar acabar com o bloqueio. Até agora, o imperialismo não obteve sucesso, e a Europa corre o risco de ver sua crise econômica agravada mais ainda. É claro, não se pode esquecer do valoroso auxílio prestado pelo Partido de Alá, isto é, o Hesbolá, partido libanês que trava a luta armada no Sul do Líbano/Norte de “Israel”, promovendo pesados ataques e significativas baixas contra o exército sionista, impedindo-os de se dedicarem completamente à luta contra a resistência palestina, agravando ainda mais a crise de “Israel”.

E, dado todo esse cenário, a resistência palestina não mostra nenhum sinal de arrefecer. Tanto é assim que no dia 1º de janeiro de 2024, o Hamas atacou Telavive, a capital de “Israel”, com barragens de foguetes, situação que contribuiu para fazer a população israelense se voltar contra o governo Netanyahu.

Como uma maneira desesperada de modificar a conjuntura, “Israel” assassinou importantes militares e políticos da Guarda Revolucionária do Irã e do Hamas. Contudo, apesar de tais atentados, o povo palestino não deu sinais de intimidação, e a resistência não mostrou sinais de desorganização. Pelo contrário, imediatamente após o assassinato dos membros do Hamas, protestos foram convocados na Cisjordânia, e uma greve geral foi desencadeada na última quarta-feira (3). De forma que tais ações, ao que tudo indica, estão servindo para radicalizar mais ainda os palestinos.

Em suma, é este o balanço dos 90 dias da Operação Dilúvio Al-Aqsa. Apesar de todo o genocídio que “Israel” provocou nos últimos meses, quem está saindo vitorioso é a resistência palestina, em especial o Hamas. Afinal, a guerra é uma continuação da política. E politicamente, em razão do dia 7 de outubro, o Estado de “Israel” enfrenta o pior momento de sua história, podendo até mesmo resultar em sua dissolução, o que seria uma crise talvez sem precedentes para o imperialismo de conjunto, em especial os Estados Unidos.

Nesse sentido, vale reproduzir a fala de Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO), da última Análise Política da Semana do ano de 2023, que foi ao ar no sábado, dia 30:

“A verdade dos fatos é o seguinte: do ponto de vista militar, o ano está terminando com uma vitória descomunal, espetacular da resistência armada palestina.”

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