Ucrânia

EUA e Zelenski: filho feio não tem pai

Em matéria publicada recentemente, o jornal imperialista The New York Times acusa imprensa estatal ucraniana de mentir sobre a guerra, sob os auspícios de Zelenski

Zelensky

Nesta última terça-feira (3), o jornal The New York Times, do imperialismo norte-americano, publicou matéria relatando haver uma insatisfação generalizada entre os ucranianos em relação ao canal estatal de televisão Telemarathon United News, responsável por divulgar as informações da guerra desde o seu início, em 2022.

Segundo a matéria do jornal imperialista, a mencionada rede estatal ucraniana mostra apenas imagens favoráveis da guerra. Contudo, com a realidade se impondo, os ucranianos “estão fartos desta imagem”, de forma que “é uma propaganda estatal”, conforme relata Oskana Ramaniuk, chefe do Instituto de Informação de Massa, com sede em Kiev, uma organização de monitorização dos meios de comunicação social.

O New York Times segue, então, realizando uma aparente denúncia contra o governo Zelenski, de que o mesmo está utilizando recursos para manipular a população, com informações falsas sobre a guerra:

“Lançada pouco depois da invasão russa, a Telemaratona inclui seis redes que representam cerca de 60 por cento da audiência total da Ucrânia antes da guerra.

[…]

O programa foi oficialmente promulgado por decreto presidencial e cerca de 40 por cento do seu financiamento vem do governo.

[…]

As preocupações sobre a influência do governo também foram levantadas depois que vários canais administrados por oponentes políticos de Zelensky foram impedidos de ingressar na Telemaratona.

[…] o número de ucranianos que afirmam confiar na Telemaratona caiu drasticamente ao longo do tempo […]

Outra preocupação é que a Telemaratona se tenha transformado numa operação de relações públicas para Zelensky, que continua a ser a figura política de maior confiança na Ucrânia, mas que viu os seus índices de aprovação diminuírem nos últimos meses.”

Em suma, a matéria, basicamente, é o New York Times denunciando que o governo ucraniano estaria utilizando recursos públicos para fornecer informações falsas a respeito da guerra, enganando a população ucraniana.

Tal publicação segue na esteira de matérias que vêm sendo publicadas nos jornais da imprensa burguesa imperialista, nos meses mais recentes, em especial desde o fracasso da contraofensiva ucraniana, em meados de 2023.

Em tais matérias, a imprensa imperialista tende a acusar o governo Zelenski de estar tomado por políticos e funcionários corruptos, que seriam corrompidos pelos ditos “oligarcas” ucranianos, ou seja, capitalistas locais, membros de uma burguesia que tenderia a se a associar mais à Rússia do que à União Europeia ou aos próprios Estados Unidos. Deve-se recordar que a campanha contra a corrupção dos “oligarcas” foi uma das que serviram de base ideológica para o imperialismo desatar o Euromaidan em 2014, ou seja, o golpe de Estado que levou ao poder o atual regime político, este que sempre teve como sua base de apoio milícias nazistas.

Mas o que está por trás dessas crescentes denúncias do imperialismo, feitas através de sua imprensa, contra o governo Zelenski, justamente o governo que eles colocaram no poder e que apoiaram com todo o vigor durante a guerra, financiando-o como mais de US$100 bilhões em armamento?

O que ocorre é que o imperialismo fracassou na sua tentativa de utilizar a Ucrânia para, com a OTAN, promover um maior cerco à Rússia, a fim de em algum momento subjugar o gigante do Leste Europeu e conter o fortalecimento dos países oprimidos. E o fracasso vem se dando tanto no âmbito econômico (através de sanções que falharam, produzindo um efeito contrário, jogando os países imperialistas, em especial os europeus, em profunda crise), quanto no âmbito militar, em que a Ucrânia sofreu baixas na ordem de, pelo menos, 300 mil homens (números conservadores).

Deve-se frisar que essa debacle econômica e militar deu-se antes do 7 de outubro, quando houve a ação revolucionária da resistência palestina. Contudo, após essa data, o imperialismo teve de voltar o grosso de sua atenção para o Oriente Médio. Afinal, seu controle sobre a região, em especial a posição que sustenta através de “Israel”, é deveras mais importante do que a posição que possui no Leste da Europa, por meio da Ucrânia.

No entanto, apesar dessa diferença, o leste europeu ainda continua sendo de fundamental importância. Afinal, a Rússia é um dos mais poderosos países oprimidos do mundo. De forma que uma derrota do imperialismo para o gigante do leste aprofundaria a crise geral do bloco imperialista, e estimularia a insurgência dos demais países oprimidos, de forma generalizada, mais do que a derrota dos Estados Unidos no Afeganistão, em 2021, fez.

Contudo, a derrota parece ser cada vez mais certa. Assim, os Estados Unidos, e o conjunto do bloco imperialista, precisam apresentar a vindoura derrota como não sendo uma derrota. Caso isto não seja possível, devem apresentar a situação ao menos não uma derrota do imperialismo. Para que a operação dê certo, é necessário colocar a culpa do fracasso no governo Zelenski e em sua má administração da guerra e dos recursos vertidos pelo imperialismo para o esforço militar. E, para que a história faça sentido, nada mais conveniente que se utilizar do artifício da corrupção dos “oligarcas” locais da Ucrânia.

Ainda não se pode prever qual será, exatamente, a saída que os Estados Unidos e o imperialismo de conjunto adotarão para a situação na Ucrânia, de forma que eles consigam encobrir a provável derrota que se aproxima.

É possível que se tente algo semelhante com o que foi feito na Guerra do Vietnã, com os Acordos de Paris. Contudo, mesmo àquela época, quando a crise do imperialismo não era tão grave quanto é atualmente, não foi possível esconder que os EUA foram derrotados na Indochina. Afinal, as tropas do exército norte-americano tiveram de deixar o país, e o Norte e o Sul foram unificados.

Contudo, como dito acima, a decadência do imperialismo atualmente é ainda mais profunda, e não parece que conseguirão que a Rússia abra mão de suas conquistas territoriais e políticas obtidas com a guerra.

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