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Carlos Porfírio

Natural de Trombas, no norte goiano, liderança camponesa sem-terra e militante comunista, homenageando o legado de José Porfírio

Coluna

Em defesa do discurso de ódio

"Tanque de guerra dá golpe de Estado, vendedor de cachorro-quente não orquestra e tampouco dá golpe em alguém"

No Brasil você é obrigado a ser um pateta que tem que amar a todos e bater palma para o sol. As coisas chegaram a um estágio completamente ridículo com relação à liberdade de expressão. Seria somente ridículo se ficasse no âmbito das trocas de ideias. Mas essa situação adquiriu um outro estágio de qualidade da coisa, falar se tornou completamente perigoso.

Se você não é um profeta religioso do amor, você corre sérios riscos! Se você não ama a PM, o juiz, o patrão, o latifundiário, a especulação imobiliária, os banqueiros, o jagunço, o imperialismo, muito cuidado!

A esquerda e a direita dita civilizada, que compõe o clero do amor, chegaram à conclusão de que todos devem se amar, inclusive os antagônicos. É praticamente uma espécie de retomada legal dos antigos casamentos arranjados e forçados.

Anteriormente, ser pateta nessa questão da liberdade de expressão era até relativamente compreensível, pois eram os bolsonaristas que estavam sendo processados e presos. Agora que a água está batendo na bunda da esquerda, com diversos casos de perseguição, qual a justificativa de apoiar esta porcaria?

Atualmente, o clero do amor retomou a pauta da PL das Fake News no parlamento nacional. Se for aprovada, a já relativa liberdade democrática que existe no país ficará próxima a virar absolutamente nada no cenário político e estaremos beirando a atuação na clandestinidade. Além, é claro, de que haverá um fortalecimento do Ministério da Verdade, composto pela Rede Globo, SBT, Record, Folha de São Paulo, Estadão e Veja.

O clero do amor também convocou um ato contra a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023. Ao invés de centrar fogo na denúncia de que o alto escalão das Forças Armadas e do aparato de Estado que atuaram ou foram coniventes nas ações seguem impunes, assim como ficaram impunes os delinquentes do golpe de 1964. O clero do amor prefere centrar suas baterias contra os vendedores de cachorro quente que foram presos na ação do 08 de janeiro, numa escalada e numa manobra comandada pela burguesia para restringir ainda mais as liberdades democráticas.

Tanque de guerra dá golpe de Estado, vendedor de cachorro-quente não orquestra e tampouco dá golpe em alguém.

Denunciar as manobras políticas e que parte da base do governo está servindo de testa de ferro da escalada contra as liberdades democráticas é uma das medidas mais urgentes dos quadros mais avançados da esquerda nacional. Se isso não for feito, o arrocho na camisa de força e na mordaça, as quais já nos encontramos envolvidos, será praticamente impossível de ser revertido.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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