Ideologia burguesa

Sobre a lista da ‘decolonial’ Fuvest

Decolonialismo, identitarismo, são ideologias burguesas infiltradas na esquerda e no meio acadêmico. Sua missão é sustentar o capistalismo, o mesmo que as sustenta

Escritores brasileiros

Um artigo de Jeferson Tenório publicado no UOL, “Questionar a lista de livros da Fuvest é um efeito colateral das mudanças”, revela a bolha na qual vivem os identitários no Brasil e também que o identitarismo já está entrando em uma certa defensiva, pois essa política direitista não tem sido desmascarada a cada dia que passa.

Por que defensiva? Porque no primeiro parágrafo Tenório se vê obrigado a tentar desfazer o fiasco que foi Anielle Franco ter dito que o termo “buraco negro”, amplamente utilizado na Física, teria cunho racista: “O que me obriga a ser didático: em primeiro lugar, de modo muito simples, a decolonialidade não quer mudar a lei da gravidade. As leis das físicas continuaram sendo as mesmas, ninguém quer apagar a contribuição de Isaac Newton e outros homens brancos europeus.” – grifo nosso.

Uma vez que se propõe a ser didático, Tenório deveria explicar que na Europa, à época de Newton, por motivos óbvios, não seria muito lógico esperar que a ciência estivesse sendo desenvolvida por homens que não fossem brancos.

Segundo o texto de Tenório, “Para quem estuda a decolonialidade com seriedade sabe que é um conceito que questiona o conhecimento produzido pela colonização e os seus efeitos na modernidade. Decolonialidade é uma atitude epistemológica, não uma lacração, como costumam dizer. Quem sempre colocou lacres em saberes alheios foi o próprio sistema colonizador. O silenciamento de outras formas de pensar é uma estratégia colonialista”.

Antes de tudo, temos que dizer que a produção de conhecimento é uma atividade humana e, como tal, participa de suas contradições. Se dissermos que a colonização produziu determinado tipo de ciência, o mesmo serve para a Filosofia Grega, que necessitou, dentre outros elementos, da escravidão para se desenvolver. Quem vai questionar a importância dos gregos para a ciência?

A própria “decolonialidade”, por exemplo, é uma exigência da atual fase imperialista do capitalismo, que necessita eliminar quaisquer sentimentos de nacionalidade, obstáculos para a penetração do grande capital em determinados países. É muito mais fácil para o imperialismo lutar contra pequenas nações. Foi por isso que destruíram a Iugoslávia e a fragmentaram. É por isso que atiram os curdos contra os iraquianos, contra os turcos; por isso tentam separar Xinjiang e Taiwan da China.

Em nome da “decolonialidade” o imperialismo tenta impedir que países atrasados explorem suas riquezas minerais em terras onde vivem “povos originários”. No Brasil, tentam até negar nossa legitimidade enquanto povo, pois nosso país teria sido construído sobre o sangue e o genocídio.

Ao contrário do que diz Jeferson Tenório, “decolonialismo” é lacração, não tem nada a ver com epistemologia. A abordagem dos decolonilistas não é científica, mas moral.

E aqui cabe uma nota: episteme é um conceito platônico, grego e a Grécia era uma sociedade escravista. Tenório, por princípio, deveria se afastar do termo, se pudesse.

Se é verdade que “quem sempre colocou lacres em saberes alheios foi o próprio sistema colonizador”, só podemos concluir que, como toda ideologia burguesa, o “decolonialismo”, bem como o identitarismo, agem da mesma maneira: censuram, “lacram”, quaisquer pensamentos contrários.

A lista…

A lista da FUVEST é mais uma prova de como essas novas ideologias burguesas estão presentes na esquerda e no mundo acadêmico, muito financiado por fundações estrangeiras ligadas à CIA e ao imperialismo.

Embora diga que não “lacre”, Tenório se refere assim ao autor de Urupês: “O próprio Monteiro Lobato, autor tão questionado em seus posicionamentos racistas, continua no mesmo lugar na história da literatura brasileira”. Como todo moralista, J. Tenório reduz Monteiro Lobato a ‘posicionamentos racistas’, apesar de toda a obra que produziu e de ter mudado muitos de seus posicionamentos no decorrer de sua vida. Lobato, na visão desses beatos incorrigíveis, cometeu um crime e, como tal, merece o fogo do inferno.

Os identitários, os decoloniais, querem impor suas listas que, por motivos de “justiça” precisam conter nomes de mulheres e negros pelo fato de serem mulheres e negros. Ora, a literatura de Lima Barreto, que admirava Monteiro Lobato, é importante porque se tratava de um homem negro? Cecília Meireles tem importância porque se trata de uma mulher, ou porque as obras dessas pessoas têm valor em si?

A verdade é que os Tenórios não querem mudar nada, não querem mudar o mundo acadêmico porque ele mesmo se considera um de seus membros. O que eles querem é colocar uma mulher ou um negro na Academia Brasileira de Letras, querem colocar um negro como gerente do Magazine Luiza, apenas isso. Querem escurecer um pouco o capitalismo, pois assim, quem sabe, ele ganhe alguma sobrevida.

 

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