Dois caso da jovem Jéssica Canedo, de 22 anos, estão sendo utilizados pela esquerda e pela imprensa burguesa para justificar seus ataques aos direitos democráticos do povo. Canedo tirou a sua própria vida, e a culpa de seu suicídio está sendo atribuída ao fato de que o perfil no X (antigo Twitter) da Choquei, uma página de fofocas e notícias, afirmou que ela estaria tendo um caso com Whindersson Nunes, humorista natural de Piauí.
Mariliz Pereira Jorge que, no dia 26 de dezembro, publicou uma coluna na Folha de S. Paulo intitulada Influenciadores da desinformação, participa desta campanha, utilizando o caso em questão para impulsionar a política de censura no Brasil e, mais especificamente, defender o PL das Fake News.
Já no primeiro parágrafo, a colunista implica que a publicação de “uma notícia falsa sobre o caso que envolve o humorista Whidersson Nunes” teria sido responsável pelo suicídio da “mulher apontada como affair”.
Fato é que ninguém sabe ao certo qual a relação da mentira publicada pela Choquei com a morte da garota. Informações sobre o caso são, inclusive, muito pouco divulgadas, a única coisa que se sabe é que a garota tinha depressão. No final, ninguém conhece Canedo e ninguém sabe pelo que ela estava passando.
Ela, também, não deixou nenhuma carta que indicaria o motivo de seu suicídio, fazendo com que seja praticamente impossível relacionar, de maneira concreta, a publicação da Choquei com sua morte.
Mais importante que isso – e a demonstração de que Mariliz não possui boas intenções ao argumentar em prol da censura – é o fato de que, por mais triste que seja a morte de uma garota nas circunstâncias apresentadas, o que dizer de um País de mais de 200 milhões de habitantes cujo regime político foi profundamente modificado em decorrência de uma campanha de mentiras gigantesca.
Foi isso que aconteceu durante o golpe de Estado, e quem levou adiante essa campanha foram justamente os jornais como a Folha de S. Paulo, onde foi publicada a coluna de Pereira.
No caso do golpe de 2016, entretanto, não vimos lágrimas de crocodilo por parte da imprensa burguesa quando foi provado que a Lava Jato foi uma farsa montada para atacar o PT. Até hoje, por exemplo, a Globo nunca pediu desculpas por tudo que falou sobre Lula, pelo apoio que deu à operação de Moro e Dallagnol.
De qualquer forma, devemos ser justos com a imprensa burguesa, pois ela costuma demorar um pouco para rever os seus erros. Nota-se o caso em que o Globo demorou mais de cinco décadas para pedir desculpas por ter apoiado o golpe militar de 1964 no Brasil.
Então, a colunista abre o jogo e mostra porque está defendendo a censura:
“Páginas como Choquei faturam alto com publicidade, chupando conteúdo de veículos tradicionais e independentes. Os mesmos que perdem assinantes, anunciantes, mas que mantêm grandes estruturas, equipes com profissionais remunerados, que têm obrigação de obedecer boas regras de conduta. Pra quê? Para um Zé qualquer pegar tudo de graça e oferecer ‘de graça’ ao trouxa que acha que não precisa pagar por informação porque tem de ‘graça’.”
Em uma defesa enraivecida da imprensa burguesa, Mariliz revela que, para ela, o melhor seria que todos os jornais independentes, organizados por “Zés”, fossem varridos da face da Terra pelo perigo que eles representam à humanidade. Esse é, inclusive, o principal motivo pelo qual os jornais da burguesia defendem o PL das Fake News, para manter o seu monopólio à revelia dos veículos de comunicação pequenos.
Ademais, precisaríamos perguntar a Mariliz: quais são essas “boas regras de conduta” que a imprensa burguesa “obedece”? São as mesmas regras que geraram uma campanha de calúnias e difamação tão grande que resultou na morte de Marisa Letícia, ex-primeira-dama brasileira? Ou seriam as regras que fabricaram as provas que o Supremo Tribunal Federal (STF) precisava para condenar os réus do Mensalão? Aguardamos um manual de redação para consulta.
Depois, tal qual uma juíza, ela diz:
“Se você segue e consome conteúdo de perfis e influenciadores que não se pautam por nenhum tipo de código de ética, seja do jornalismo ou da publicidade, tem culpa. Se acompanha o ‘noticiário’ por meio de um Zé que brinca de analista político, não reclame de fake news e de polarização, assuma sua culpa nessa engrenagem.
Se é uma marca que relaciona a imagem a produtores de conteúdo que sequestram pautas sociais apenas para ganhar dinheiro, tem culpa. Se você é influenciador que fecha parcerias com empresas criminosas, manipula os sonhos, a miséria de seu público, tem culpa, sim.”
Se o julgamento de Mariliz estiver correto, então a Folha de S. Paulo, junto com todos os principais jornais da imprensa burguesa brasileira, são os maiores culpados da história: seu “código de ética” é inexistente, vale tudo; “Zés” que brincam de análise política também são empregados aos montes por esses jornais; “fake news”, nem se fala, são verdadeiras máquinas de mentira; relacionar “a imagem a produtores de conteúdo que sequestram pautas sociais apenas para ganhar dinheiro” – o identitarismo – a imprensa também domina; “fechar parcerias com empresas criminosas” é a principal fonte de renda desses veículos.
Por fim, essa bravata de “tem culpa” tem um objetivo claro. No mundo espiritual, seria um sermão religioso sobre o que é certo e o que é errado, voltado para garantir que os fiéis da Folha não saiam da linha. No mundo concreto, porém, a colunista fala esse tipo de coisa para evocar o código penal, implorando para que algum juiz de alguma instância atenda a seu pedido e prenda aqueles que ousarem falar qualquer coisa contra a imprensa burguesa.





