A Operação Dilúvio Al-Aqsa, deflagrada em 7 de outubro do ano passado, não será esquecida durante décadas. Ela já é, sem dúvidas, um evento histórico. Um marco de uma nova etapa na luta de todos os povos oprimidos contra a polícia do Oriente Médio: o Estado de “Israel”.
No ano de 2023, a Nakba, a catástrofe palestina que resultou na expulsão de mais de 700 mil árabes de seu território completou 75 anos. Desde então, a história daquele povo vem se resumindo a assassinatos, torturas, prisões arbitrárias e maus tratos. O Estado de “Israel” promove hoje o mais cruel regime de apartheid já visto pela humanidade.
A atuação de “Israel”, por sua vez, extrapola a opressão dos palestinos. Fortemente armado e financiado pelo imperialismo, o Estado sionista é uma ameaça a todos os países da região. “Israel” é inimigo dos sírios, uma vez que lhe roubou, as Colinas de Golã na Guerra dos Seis Dias (1967) e nunca as devolveu integralmente. É inimigo dos egípcios, uma vez que foi um elemento fundamental na maior expressão do nacionalismo árabe do século XX, o nasserismo. É inimigo do Líbano, uma vez que, em várias ocasiões, invadiu o país a pretexto de esmagar a resistência palestina. Por fim, é também inimigo mortal do Irã, país que, desde a revolução de 1979, ocupa um papel central na resistência do Oriente Médio contra o imperialismo.
Um país tão pequeno, criado artificialmente, “Israel” só conseguiu enfrentar países com uma população várias vezes maior, formados por povos antigos, estabelecidos há muito tempo em seus territórios, graças ao ainda sólido apoio do imperialismo – fundamentalmente, dos Estados Unidos, da França e do Reino Unido. É desse suporte que vem a sua capacidade de aterrorizar a população dos países vizinhos e de se impor pela força. Após a Guerra dos Seis Dias e a Guerra de Outubro (1973), “Israel” passou a ser considerada “invencível”, dona de um dos exércitos mais poderosos do planeta, de uma indústria bélica que abastece todos os continentes e de um sistema de defesa impenetrável.
No entanto, hoje os seus parceiros não são mais temidos como eram antigamente. Em 2021, os Estados Unidos foram expulsos do Afeganistão pelos militantes do Talibã, um grupo de guerrilheiros cuja maior tecnologia à mão eram fuzis de assalto. No ano seguinte, a Rússia invadiu a Ucrânia e está prestes a impor uma derrota a toda uma rede de apoio de países imperialistas.
No começou de 2023, países africanos se rebelaram contra a dominação francesa. O imperialismo está fraco e, portanto, cada vez mais desnorteado, uma vez que precisa lidar com um número crescente de crises políticas. Esse cenário enfraquece muito o Estado de “Israel”.
A bem sucedida operação liderada pelo Hamas mostrou que “Israel” não é todo-poderoso. Pelo contrário: o enclave imperialista sequer tem conseguido invadir a Faixa de Gaza por terra. A demonstração de bravura da resistência palestina, somada à demonstração de fraqueza de “Israel”, está levando a uma verdadeira revolta árabe, que poderá levar a uma situação revolucionária.
No Iêmen, os Ansar Alá, envolvidos diretamente na guerra contra “Israel”, passaram a ameaçar não apenas o enclave imperialista, mas todos os países que se colocassem no meio do caminho. No Líbano, o Hesbolá segue impondo derrotas a “Israel”.
Até mesmo a imprensa imperialista já reconhece que a situação de “Israel” é complicada. E isso se manifesta também na atitude do governo norte-americano em relação ao seu aliado: Joe Biden está cada vez mais cético de que Benjamin Netanyahu consiga derrotar os palestinos. Enquanto isso, a crise no próprio Estado de “Israel” só cresce.
Diante de tudo isso, é possível que, em 2024, o Estado de “Israel” desmorone. Não é possível medir com precisão o tamanho da crise da dominação imperialista – o fato é que ela aumenta exponencialmente. De qualquer forma, uma coisa é certa: a iniciativa do Hamas está levantando todos os povos da região.