'Israel'

A farsa do ‘antissemitismo’ para justificar o genocídio palestino

Termo "antissemita" tem sido usado amplamente para silenciar as críticas ao genocídio do povo palestino. Além disso, é usado incorretamente.

Matéria assinada por Basem L. Ra’ad no sítio libanês de notícias Al Mayadeen explica os equívocos na versão de “antissemitismo” propagada pelos sionistas mundo afora. Ra’ad justifica a necessidade de uma investigação em torno do termo “semita” por conta da ampla utilização do termo “antissemita”. De fato, qualquer um pode verificar que quanto mais de intensifica a violência contra civis na Palestina, mas o termo citado é usado para silenciar as denúncias desses crimes cometidos por “Israel”.

Como o autor destaca, esse silenciamento se estende inclusive até a judeus críticos da política sionista. Além disto, a associação entre “antissemitismo” e “antissionismo”, como se fossem sinônimos, tem ganhado contornos legais nos Estados Unidos e em países da Europa. Ele coloca que igualar a crítica ao sionismo, que é uma política supremacista, ao que eles apresentam como uma disposição racista contra os judeus em geral, serve na prática para negar direitos aos palestinos e subverter a natureza do conflito na Palestina. Conflito que Ra’ad descreve como uma “resistência à expropriação e colonização desde 1917”.

Ra’ad relata que os colonos israelenses na Cisjordânia chamam a região de “Judeia e Samaria”, a qual teriam direito como uma herança dada por ninguém menos que “Deus” por supostamente descenderem de israelenses da antiguidade.

O autor judeu Arthur Koestler é citado por sua obra “A Décima Terceira Tribo”, lançada em 1976. Nela, demonstra que os judeus Ashkenazi não descendem dos israelenses da antiguidade, mas de um povo turco da Europa Oriental que se converteu ao judaísmo no século VIII, os Khazares. Justamente, os judeus de origem Ashkenazi são reconhecidos como a maioria dos judeus que compõem o Estado de “Israel”. Koestler argumentou que o termo “semita” não poderia ser aplicado a estes judeus, por não terem qualquer traço rastreável de alguma ligação biológica ou racial com nenhum povo da região da Palestina.

A matéria cita então a obra “Invenção do Povo Judeu” (2009), de Shlomo Sand, onde estão documentados outros casos de conversão tardia ao judaísmo que aconteceram em diversos países. Ao apontar esses fatos, Sand rejeita as reivindicações dos sionistas no sentido de terem algum direito às terras palestinas. Ra’ad complementa afirmando que estudos de DNA apoiam as descobertas registradas na obra de Sand, mesmo diante das tentativas de silenciar esses estudos.

Ra’ad discute então sobre as origens duvidosas do próprio termo “semita”, que remonta a mitos genealógicos presentes na Bíblia. Relata que o termo foi difundido inicialmente de forma equivocada por membros da Escola de História de Göttingen, que escreveram sobre as “línguas semíticas”. A palavra “semita” deriva de “Sem”, um dos três filhos de Noé, aquele que teria povoado a Terra após o Dilúvio.

A partir de “Sem” teria uma árvore genealógica que chegaria até Abraão, figura importante nas chamadas “religiões abraâmicas”: cristianismo, islamismo e judaísmo. Abraão seria pai de Isaque e avô de Jacó. Jacó, por sua vez, é chamado posteriormente de Israel. Nesse sentido, os “israelenses” seriam descendentes de Jacó ou Israel.

Ra’ad aponta que essa “genealogia lendária” exclui de forma conveniente a figura de Cã, que é arbitrariamente amaldiçoado na Bíblia (por ter visto seu pai Noé dormindo bêbado e nu e contado aos irmãos Sem e Jafé). Ele destaca que muito do que se chama de “semita” deriva justamente da língua e mitologia cananeia. Ra’ad coloca também que os sionistas ignoram outros descendentes de Abraão, como seu filho mais velho Ismael, associado tradicionalmente aos nômades árabes. Seguindo essa linha, os árabes e “outros supostos descendentes das regiões da Mesopotâmia, Síria e Arábia também são ‘semitas'”.

A matéria cita como Netanyahu escolheu trechos dessa mitologia tribal para justificar o genocídio contra o povo palestino. O primeiro-ministro de “Israel” citou recentemente uma estória de como “Yahweh” ordenou que Saul destruísse os amalaquitas: “que matasse homens e mulheres, crianças e bebês, embora tenha salvado os animais gordos”. Os amalaquitas seriam uma tribo rival dos israelenses na antiguidade. Ou seja, os sionistas se colocam como personagens mitológicos da antiguidade, conforme sua conveniência, é claro.

Ra’ad faz referência a uma série de divergências nas traduções do que seriam os “textos sagrados”, incluindo diversas versões encontradas em diferentes lugares. Em especial, cita descobertas arqueológicas que mostram que estórias contidas na Bíblia, na verdade, são reproduções de outras estórias. Um exemplo citado é o Dilúvio de Noé, que é similar a um episódio presente na Epopeia de Gilgamesh, que é cerca de dois mil anos mais antiga que a Bíblia.

O que os sionistas fazem é escolher determinadas passagens e recitá-las com fervor intensificado para justificar suas reivindicações de direito de propriedade sobre a Palestina. Todas as descobertas arqueológicas inconvenientes e levantamentos históricos feitos inclusive por pesquisadores judeus são ignoradas, pois se trata pura e simplesmente de um golpe de propaganda.

O autor da matéria conclui que esse “combate” ao antissemitismo, na verdade, só existe para desviar o foco dos horrores que “Israel” está cometendo agora em Gaza. Apontando a persistência do pensamento fundamentalista do sionismo como “um dos perigos mais regressivos ao desenvolvimento da consciência humana”. Suas ações, na prática, consistem em “violações drásticas dos direitos humanos e crimes genocidas diante dos nossos olhos que ameaçam os próprios fundamentos da moralidade”.

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