O novo presidente argentino, o golpista Javier Milei, convocou sessões extraordinárias de votações no Congresso entre os dias 26 e 31 de dezembro, mas não incluiu o megadecreto chamado de Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) para desregulamentar a economia. Trata-se de um pacote de ataques econômicos brutais contra a população, que prevê mais de 300 medidas com fim de regras que limitam exportações, privatizações e aumento de preços.
Com essa manobra, o decreto será votado apenas em março, no retorno das sessões ordinárias.
Segundo informações da própria imprensa burguesa, a manobra de Milei não foi contestada. A oposição teria gostado do adiamento. Haveria uma tendência a votar a favor do pacote, o problema é que os grupos oposicionistas não querem aparecer apoiando uma política tão impopular e contam com esses dois meses para convencer o novo governo a aceitar algumas alterações.
Isso só mostra que parte da oposição, em particular aquela ligada aos direitistas que no Brasil seria o equivalente à “direita civilizada”, tem uma política semelhante à de Milei no que diz respeito aos ataques econômicos contra o povo.
Enquanto isso, nesses mais de dois meses, Milei vai impor essa política ao povo através desse megadecreto. Isso mostra, ainda, a tendência ditatorial de seu governo. Se quiser impor sua política impopular, Milei terá que recorrer constantemente aos decretos.
A eleição de Milei foi um golpe de Estado, não apenas econômico como disseram algumas organizações da esquerda argentina, mas um golpe político. Foi uma eleição armada para que assumisse um governo disposto a atacar brutalmente as condições de vida das massas argentinas. Para isso, será preciso que esse governo esteja disposto a sustentar politicamente esses ataques, por meio de decretos e também da repressão se for necessário.
Sem um governo duro, é muito complicado colocar em prática a política econômica proposta por Milei. É preciso garantir a aprovação dessas políticas com o mínimo de atrito no Congresso, onde Milei não tem maioria, apesar de contar com o apoio disfarçado de parte da oposição direitista.
Se Milei for bem-sucedido, esse será um modelo adotado pela burguesia no Brasil e nos demais países vizinhos. O imperialismo precisa de uma política de terra arrasada para compensar as derrotas e prejuízos na Ucrânia e em “Israel”, apenas para ficar nos casos recentes.
O fracasso ou não da política golpista de Milei vai depender da reação das massas, mas está muito cedo para saber como elas se comportarão e se o governo terá forças para impor sua política, caso age uma reação.