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Universidade Marxista

Os três primeiros dias do curso ‘A questão palestina’

Com três dias de curso, PCO vem debatendo os aspectos mais importantes da história do conflito entre "Israel" e o povo palestino

Nessa terça-feira, 19 de dezembro, aconteceu a terceira aula do curso A questão palestina, promovido pela Universidade Marxista, a plataforma de cursos de formação do Partido da Causa Operária (PCO). Com carga horária prevista inicialmente de doze horas, o curso, por sua extensão e complexidade, aconteceria somente nos dias 16 e 17 de dezembro. No entanto, conforme anunciado por seu palestrante, Rui Costa Pimenta, no final da segunda exposição, ainda há muito o que ser discutido. Está prevista a realização de uma quarta – e provavelmente última – aula, sem data e horário ainda definidos.

No primeiro dia do curso, Rui Pimenta tratou de diversos mitos criados em torno do Estado de “Israel” – alguns dos quais estabelecidos em eventos que teriam ocorrido há mais de dois mil anos. Pimenta explicou, por exemplo, que muito do que se diz sobre os judeus não pode ser comprovado pela historiografia.

O presidente do PCO, então, explicou a revolução no mundo árabe dirigida por aquele que seria o fundador do islamismo, o profeta conhecido pelo nome de Maomé. E, então, passou a tratar sobre a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), momento em que os países imperialistas criaram uma série de países artificiais, o que criaria uma série de problemas políticos para os países africanos e asiáticos.

Neste primeiro dia, Uriel Schramm, membro da Direção Estadual do PCO de São Paulo, afirmou que 82 pessoas estiveram presentes no curso. Para Francisco Weiss, da Loja do PCO, o curso também se mostrou uma oportunidade para a venda de vários produtos relacionados com a causa palestina.

“Trouxemos material novo como, como a camiseta da Jiade Islâmica, da Palestina, e a camiseta da Frente Popular pela Libertação da Palestina, além das camisetas do Hamas, da Palestina Livre, botons também de todas as outras organizações e bandeiras – tudo isso teve um apelo muito grande, uma aceitação muito positiva. O que é legal nestas atividades é que tem camaradas que vêm de outros estados,
outras cidades e querem até mesmo publicações mais antigas do partido. Exemplos de publicações antigas? Revista dos coletivos, polêmicas antigas do partido com a Convergência Socialista, polêmica com o Socialismo e Liberdade, o Jornal-livro que são alguns livros publicados em forma de jornal, entre outros.”

Durante o primeiro dia, Rui Pimenta também explicou que o projeto sionista, no primeiro momento, fracassou. Ele só conseguiu ter um relativo sucesso por causa do apoio dado pelo Império Britânico. Esse foi, inclusive, um dos pontos mais destacados por Guilherme Beserra, que veio direto do Crato, no interior do Ceará, para o curso.

“Ficou claro como é mais fácil as pessoas serem convencidas pela crença religiosa, mas por trás, sabemos pelo materialismo histórico que o fundo é econômico, a dominação daquela área pelo imperialismo inglês foi importante, e em seguida foi importante para os Estados Unidos, uma área importante e estratégica tendo em vista o petróleo, que surgia como uma nova matéria-prima para o enriquecimento.”

No dia 17 de dezembro, antes do início do curso, ocorreu uma caminhada na Avenida Paulista contra o assassinato das crianças palestinas. A atividade foi um sucesso, contando com a adesão não só dos participantes do curso, mas de outras pessoas que se juntaram à caminhada. Houve também quem, na caminhada, ficou sabendo do curso e compareceu, na parte da tarde, ao Centro Benjamin Péret.

“A campanha em defesa do povo palestino é favorável”, afirmou Uriel Roitman. “As pessoas não estão pensando no Natal, estão preocupadas com o que está acontecendo no mundo”.

No segundo dia do curso, Rui Pimenta detalhou o que aconteceu no período imediatamente antes e no período imediatamente após a fundação do Estado de “Israel”. Os anos de 1947 e 1948 são chamados pelos palestinos de Nakba (“catástrofe”, em árabe), devido ao fato de que cerca de 700 mil árabes foram expulsos de seu território. O presidente do PCO citou vários trechos do livro A limpeza étnica da Palestina, do historiador israelense Ilan Pappé, que mostra como a história da fundação de “Israel” é repleta de assassinatos, pilhagens, torturas, estupros e crimes comuns.

Presente no segundo dia do curso, o egípcio Omar, que mora há muitos anos no Brasil, se disse “impressionado” com a quantidade de informação dispostas por Rui Pimenta. Omar ressaltou que não encontra com facilidade análises sobre os problemas internos dos presidentes e monarquias do Oriente Médio, nem análises sobre a atuação dos grupos de resistência árabes. As notícias publicadas pela grande imprensa, segundo ele, são “trazidas de alguma fonte de confiança do Ocidente, traduzidas do inglês para o português e publicadas para o mundo como se fossem a realidade do Oriente Médio”. Em contraste, a forma como o presidente do PCO apresenta a situação do Oriente Médio “é o que está acontecendo lá”.

Felícia Andréa, de 21 anos, veio com a caravana do Rio de Janeiro para os dois primeiros dias do curso. Ao ser convidada para participar, disse que não pôde recusar pela importância do assunto, “que é retratado de maneira mentirosa contra a Palestina, contra o Hamas”. Gustavo, de Piracicaba, interior de São Paulo, também se mostrou muito satisfeito com os dois primeiros dias de curso. Esta foi a sua primeira atividade junto ao PCO.

“O curso foi muito elucidativo, e a didática do Rui foi incrível, assim como a experiência de estar com o PCO. Não só no curso, mas também no ato. A receptividade de todos foi muito grande, a demonstração do PCO diante da luta da Palestina e pela classe trabalhadora, em geral, é muito grande, e isso ficou demonstrado na caminhada, assim como a sua capacidade organizativa ao logo da atividade nesses dois dias.”

Antônio Carlos Silva, dirigente nacional do Partido, destacou a importância de armar a militância do PCO e ativistas de esquerda que integram a campanha de solidariedade à Palestina com uma compreensão mais histórica, materialista, mais profunda, não só para o que está acontecendo, mas também para a etapa “que está vindo pela frente”.

“A questão da Palestina e a existência do Estado de Israel estão no centro da crise capitalista neste momento”, declarou o dirigente. “São elementos importantes de agravamento da crise do imperialismo, e em torno disso há enormes pressões, há uma campanha internacional a favor do Estado sionista de Israel e do massacre e do genocídio que vem sendo cometido”.

No terceiro dia do curso, Rui Pimenta tratou de temas mais próximos aos acontecimentos atuais. Na aula de 20 de dezembro, o presidente do PCO discutiu em detalhes a ação da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e a perseguição do Estado sionista a seus combatentes. Um dos últimos assuntos a serem tratados foi o massacre de Sabra e Chatila, em que o imperialismo norte-americano deixou o caminho livre para a ação da extrema direita sionista.

O curso “A questão palestina” pode ser assistido por meio da plataforma virtual da Universidade Marxista. Clique neste link e se inscreva, caso ainda não o tenha feito! Todas as aulas fica gravadas, então você ainda pode conferir todas as exposições feitas até agora.

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