Além de desmitificar e esclarecer várias questões sobre a história da Palestina e de “Israel”, o curso A Questão Palestina, que ocorreu o último final de semana, dias 16 e 17, está também servido para esclarecer o quão contrarrevolucionário foi o líder da burocracia soviética, José Stálin.
Promovido pelo Partido da Causa Operária e ministrado por seu presidente, Rui Costa Pimenta, na segunda parte do primeiro dia de curso foi exposta como a União Soviética, à época já sob o comando da burocracia stalinista, foi fundamental para a criação de “Israel” e a Nakba.
Após ter explicado o papel do imperialismo britânico em apoiar o sionismo, treinando militarmente as milícias sionistas, fornecendo recursos financeiros, de inteligência, fornecendo apoio político e desmantelando toda a resistência palestina no período antecedente, Rui expôs que o exército israelense foi enormemente fortalecido por Stálin, que determinou o envio de grande quantidade de armamento para os sionistas, durante os anos de 1947 e 1948.
O envio de equipamento militar se deu através da antiga Checoslováquia, à época subordinada à burocracia stalinista.
Fato histórico extensivamente documento, inclusive relatado pelo historiador judeu israelense Ilan Pappe, em seu livro A Limpeza Étnica da Palestina, no qual é frisado inclusive o papel de proa do Partido Comunista de ‘Israel” na negociação:
“Naquele mesmo dia [24 de maio de 1948], o exército israelense recebeu um grande carregamento de modernos e novos canhões de calibre .45 do bloco comunista do Leste. ‘Israel’ passou a possuir artilharia incomparável não apenas em relação às tropas árabes dentro da Palestina, mas também em comparação com todos os exércitos árabes juntos. É importante notar que o Partido Comunista de ‘Israel’ foi fundamental na realização desse acordo”.
Rui então comentou sobre uma posição fantasiosa existente dentro da esquerda pequeno-burguesa, de que Stálin estaria mal-informado a respeito da natureza política de Ben Gurion, no sentido de que o fascista disfarçado de democrático e fundador de “Israel”, seria uma pessoa de esquerda, em razão de sua vinculação ao “trabalhismo sionista”. Rui então explicou que não seria possível que Stálin não soubesse a real natureza de Ben Gurion. Afinal, apesar de toda a indigência política do burocrata soviético, o serviço secreto da URSS era o melhor do mundo (e o melhor que já existiu).
O presidente do PCO também deu uma explicação concreta para as razões de Stálin ter apoiado a criação de “Israel”, inclusive apoiando o Plano de Partilha da ONU. Até meados de 1948, explicou Rui, quando começou a colocar em prática o Plano Marshall para recuperar economicamente a Europa e conter a revolução proletária, Stálin e o imperialismo eram “mil amores”, ou seja, tinha uma relação muito próxima. Afinal, a burguesia imperialista precisava do contrarrevolucionário líder da burocracia soviética para conter o comunismo na Europa, o que foi devidamente feito.
Rui explicou que foi nessa conjuntura que se deu o apoio da União Soviética à criação de “Israel”.
Assim, Stálin foi um dos maiores contrarrevolucionários (senão o maior), que passou pelo movimento operário. Além de ter derrotado a Revolução Chinesa de 1927, foi um dos principais responsáveis pela subida de Hitler ao poder, em 1933, tendo em vista a adoção da política sectária do Terceiro período. Igualmente, a burocracia soviética foi responsável pela derrota da Revolução Espanhola e da situação revolucionária na França, em 1936. Conteve também a onda revolucionária no pós-guerra, em especial na Itália e, novamente, na França. Não bastando, foi cúmplice do imperialismo britânico em esmagar a Revolução Grega.
Por fim, para solidificar de vez Stálin como contrarrevolucionário, conforme exposto por Rui no curso A Questão Palestina, o líder da burocracia soviética também foi essencial para a fundação de “Israel” e, consequentemente, para a limpeza étnica da Palestina.