A cantora norte-americana Beyoncé anunciou que sua fundação de caridade, a BeyGOOD, trará seu programa de suporte a microempreendedores negros para o Brasil. O objetivo alegado é de auxiliar pequenos negócios de pessoas negras na Grande São Paulo com até R$25 mil. A fundação não detalhou o número de bolsas disponíveis ou os critérios de seleção, destacando apenas que o Rio de Janeiro e Salvador também serão contemplados em breve.
Atualmente, os negros representam 54% dos chamados “empreendedores” no País, em sua maioria trabalhadores autônomos sobrevivendo a duras penas. Segundo a matéria do jornal burguês Estado de S. Paulo, “o afroempreendedorismo movimenta cerca de R$2 trilhões por ano no Brasil, segundo estimativas do Sebrae” (Fundação de Beyoncé vai dar recursos para empreendedores negros no Brasil; veja como se inscrever, Giovanna Castro, 6/12/2023). Os números demonstram que há um mercado promissor para os lucros de Beyoncé, mas a questão verdadeira é política.
Seu programa de apoio, a exemplo de outros do tipo feitos pelo imperialismo, visa principalmente cooptar brasileiros de um setor esmagado para atuarem como serviçais da política imperialista. Com o programa, a empresária norte-americana terá um exército que receberá dinheiro para defender a política que ela quer, perseguindo seus interesses em solo brasileiro.
Não é democrático que ONGs estrangeiras financiem indivíduos ou grupos brasileiros. Trata-se de uma intromissão direta de interesses alheios aos da nação e, no caso em questão, uma intervenção do imperialismo norte-americano. Algo que não pode ser tolerado por qualquer força política que lute pelos interesses nacionais.
Longe de enaltecer a medida apoiada sob a base da demagogia identitária, a esquerda deve denunciar o uso da população negra por parte da cantora e empresária norte-americana. Trata-se de um problema político grave que ameaça a soberania brasileira e deve ser enfrentado.