Em novo desdobramento da iniciativa do governo venezuelano de retomar o território do Essequibo – roubado pelos ingleses no século XIX e desde então reivindicado pelos venezuelanos -, o major-general Rodríguez Cabello foi nomeado pelo presidente Nicolás Maduro, no último dia 5, como a autoridade provisória para o recém-criado estado da Guiana Essequiba. Trata-se de uma resposta à determinação popular manifestada no último dia 3, quando mais de 96% do povo venezuelano apoiou a retomada do Essequibo.
Em resposta, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, ligou no último dia 7 para o presidente da Guiana, Irfaan Ali, segundo a imprensa capitalista, para expressar apoio norte-americano à Guiana e discutir uma “cooperação robusta” na área de segurança. Além disso, exercícios militares na região foram anunciados pela Casa Branca também no dia 7, com aviões americanos sobrevoando os céus do Essequibo. Por fim, Washington anunciou um plano para construção de bases militares no enclave imperialista na região amazônica.
As ameaças do imperialismo são reflexo da gravidade do problema enfrentado pelos monopólios com a ousadia do povo venezuelano em enfrentá-los. Com crises explodindo por todos os cantos do planeta, o continente americano era a única região relativamente estável do globo, ainda que com muitas ressalvas, ante as turbulências que vivem os países do quintal norte-americano.
Agora, a exemplo das convulsões armadas na África, no Oriente Médio e no Leste Europeu, a América Latina ameaça entrar em uma atividade bélica de grandes proporções, tendo uma nação atrasada e rebelde contra um país que serve como base imperialista.
De uma certa forma, é uma tática parecida com a adotada por Moscou, que se antecipou ao conflito contra a OTAN na Ucrânia lançando sua operação militar especial. Percebendo o momento favorável, Caracas toma resolução similar em relação ao Essequibo, cuja devolução aos venezuelanos é reivindicada desde meados do século XIX.
A iniciativa de Maduro e dos venezuelanos é mais um belo exemplo ao presidente Lula sobre como lidar com as pressões imperialistas. A ferocidade da ditadura global nada mais é do que consequência da debilidade desse sistema de opressão, que em crise de características terminais, piora suas ameaças.
A lição dos que estão sendo bem sucedidos no enfrentamento a essas ameaças, no entanto, é que é a melhor defesa. O imperialismo está em um momento de muita fragilidade que precisa ser aproveitado. Essa é a lição que a vanguarda da classe trabalhadora brasileira precisa observar também, para sair da defensiva, apoiar a iniciativa de Maduro. Isso jogará mais pressão contra o imperialismo, enfraquecendo esse inimigo comum dos venezuelanos, brasileiros, árabes, africanos e de todos os povos da humanidade.