Foi no dia 7 de dezembro de 1970 que guerrilheiros da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), comandados por Carlos Lamarca e Gerson Theodoro de Oliveira, sequestraram o embaixador suíço Giovanni Bucher. Em atuação no Brasil há quatro anos, o suíço foi sequestrado na Rua Conde de Baependi, no bairro do Flamengo, na zona sul do Rio de Janeiro.
A ação, que completa 53 anos nesta quinta-feira (7), teve como principal reivindicação a libertação de 70 presos políticos. A VPR também exigia o congelamento geral dos preços por noventa dias, já que o ano de 1970 fechou com uma inflação de 19,3%, conforme aponta o trabalho “Inflação Brasileira – Os Ensinamentos desde a Crise dos Anos 30”, publicado pelo professor-titular do Departamento de Economia da Universidade de Brasília. Importante destacar ainda que a década em questão encerrou com a inflação catastrófica de 80%. Para se ter uma ideia do impacto social, no ano de 2022 a inflação somou 5.79% e o peso dela foi sentido no bolso dos trabalhadores.
Outro adendo nas reivindicações era a liberação das roletas nas estações de trem do Rio de Janeiro. Bucher foi liberado somente no dia 16 de janeiro com as exigências atendidas (em partes, já que o governo militar do país endureceu e não cedeu de pronto aos pedidos) e o sequestro político é considerado o mais longo da história do Brasil.
Ponto que é importante ser observado e que tem se repetido na história recente é que naquele período Lamarca e outros revolucionários foram tachados pela polícia e imprensa como terroristas.
O mesmo tem ocorrido em relação ao ataque de Israel contra a Palestina, onde tanto o governo brasileiro quanto a própria esquerda pequeno-burguesa seguem uma política repressiva em relação ao partido Movimento Resistência Islâmica (Hamas) e tratado seus militantes como terroristas. No entanto, é importante salientar que diante de todos os ataques feitos por Israel nas últimas décadas, a resposta do grupo se assemelha, e muito, ao ato realizado pelo grupo revolucionário brasileiro VPR na década de 70.
Deste modo faz-se necessário, observarmos o passado, para reavaliar o presente. Fica claro que nominar o Hamas como um grupo terrorista é um tiro no pé e essa política, tanto por parte do governo, imprensa, mas, sobretudo, da própria esquerda, tem deve abandonada.