Segundo o sítio norte-americano e anti-imperialista MintPress, no dia 10 de julho, soldados israelenses perpetraram humilhações contra mulheres palestinas em Al-Khalil (Hebron), desnudando cinco mulheres diante de seus filhos, conduzindo-as nuas pela casa e por fim, roubando suas joias, o que não teria sido um evento aleatório (“From humiliation to rape: The untold story of israel’s abuse of palestinian women“, Ramzy Baroud, 14/9/2023). É a avaliação do grupo de direitos humanos israelense B’Tselem, constando em um relatório publicado em 5 de setembro. Essa investigação expôs não apenas a brutalidade do episódio, mas também a sua conexão intrínseca com uma política mais ampla, deliberadamente direcionada a humilhar os árabes.
Segundo a investigação do B’Tselem divulgada por MintPress, “dezenas de soldados mascarados, com cães” invadiram a residência dos palestinos, “algemaram três membros da família”, incluindo um menor, “separaram homens de mulheres e crianças e iniciaram uma extensa busca neles e em sua casa”. O ponto culminante desse episódio degradante foi quando “soldadas mascaradas” ameaçaram uma mãe com um cachorro, forçando-a a se despir completamente na frente de seus filhos. O tratamento degradante se repetiu com outras quatro mulheres, forçadas a se deslocar nuas de cômodo para cômodo. Simultaneamente, outros soldados ocupavam-se roubando as joias da família, como revelou o relatório.
Os palestinos interpretaram o evento corretamente, como uma manifestação da barbárie israelense contra os invadidos. Conexões já foram estabelecidas entre este e diversos ataques a palestinos similares ocorridos em Jericó e Jerusalém, e o apelo por vingança emitido por grupos palestinos, incluindo coletivos de mulheres. Ainda segundo a supracitada reportagem de MintPress, em 5 de setembro, uma porta-voz de um grupo de mulheres em Gaza expressou a expectativa de que a resistência “não permaneça inativa diante deste crime hediondo”.
Ávido para defender os supostos direitos das mulheres no resto do Oriente Médio e em especial no Irã, a brutal tortura foi tratada com a proverbial indiferença que o imperialismo dedica aos crimes de seus aliados. Longe de representar um incidente isolado, a história desse episódio cruel destaca não apenas a violência física, mas também o terror infligido sobre as vítimas, especialmente as mulheres. Coerção, ameaça, humilhação e toda sorte de torturas tornaram-se ferramentas de um sistema opressor, que visa destruir não apenas as comunidades palestinas, mas também a própria dignidade do povo árabe.
Por fim, torna-se necessário destacar o quão mentirosa é a propaganda difundida pelos cínicos sionistas, de que Israel seria o único regime democrático no Oriente Médio. É tudo menos isso.