Na última terça-feira (28), o vereador do Rio de Janeiro Carlo Caiado promulgou um projeto de lei que veta a manutenção ou instalação de qualquer tipo de homenagem que faça menção positiva ou elogiosa a pessoas que tenham praticado “atos lesivos aos direitos humanos”, aos “valores democráticos” ou ao “respeito à liberdade religiosa”.
Por causa dessa lei, o Rio de Janeiro vai retirar um busto do padre António Vieira que, oferecido pela Câmara Municipal de Lisboa, foi inaugurada em 2011 no jardim da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro.
Uma lista prévia feita por Monica Benicio (PSOL), vereadora coautora do projeto, incluiu na lista de estátuas a serem removidas a do Marechal Luís Alves de Lima e Silva, do Duque de Caxias e do patrono do exército brasileiro, além do busto de Vieira.
A norma cita especificamente figuras históricas que defenderam a escravidão ou a eugenia, ou que praticaram atos de natureza “racista”.
“Ao dar visibilidade para determinada pessoa, o Poder Público avaliza os seus feitos e enaltece o seu legado. A história brasileira traz inúmeros momentos condenáveis, dentre os quais podem-se destacar o genocídio dos povos nativos e a escravidão de africanos sequestrados”, argumentou o autor do projeto, o ex-vereador Chico Alencar (PSOL), citado no Diário Carioca.
Na mesma nota, Monica Benicio, também do PSOL e coautora do projeto, declarou: “É preciso fazer uma reparação histórica sobre esse período, principalmente para marcar posição sobre a identidade e a postura que tomamos hoje sobre o Brasil que queremos daqui para frente […] Por isso, a aprovação desse projeto é um passo importante para promovermos uma sociedade justa e igualitária. Com o racismo não há o que ser relativizado”.
António Vieira, padre jesuíta, teólogo, professor, diplomata e orador eloquente, foi o segundo maior escritor de toda a língua portuguesa, atrás apenas de Luís de Camões. Ele nasceu em Lisboa, em 1608, e morreu no Brasil, em 1697, deixando uma obra documental com 200 sermões e 700 cartas.
O projeto em questão foi feito por verdadeiros ignorantes que não só não compreendem a importância do padre António Vieira para a cultura portuguesa e brasileira, como também não sabem que ele foi um dos principais defensores dos direitos dos índios, principalmente no século XVII, quando lutou contra a exploração e escravização destes.
Na Inglaterra, por exemplo, ninguém levaria a sério a tentativa de algum ignorante de retirar uma estátua de William Shakespeare por ele ser reacionário ou qualquer coisa do tipo.
Em segundo lugar, é mais uma tentativa da esquerda identitária de lutar contra a “opressão” por meio de medidas artificiais que não levarão a luta dos negros e dos índios a lugar nenhuma. Atacando o legado do Brasil ao mesmo tempo em que atrapalham a luta dos oprimidos pela sua verdadeira libertação.