Em entrevista à emissora britânica SkyNews, Yair Lapid, o líder da oposição ao governo de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, afirmou que “a maioria das pessoas que foram assassinadas em Gaza eram terroristas do Hamas”. O que Lapid chama de uma “maioria” de “terroristas” é, na verdade, um total de 14 mil pessoas, entre as quais a maioria são mulheres, crianças e idosos.
Em sua declaração, o líder da oposição ignorou por completo o saldo de crianças, mulheres e idosos mortos, limitando-se a dizer que o total de pessoas assassinadas por Israel seria menor que “o exército do Hamas”, que, segundo ele, “possui 40 mil pessoas”. A cumplicidade com o genocídio palestino é tanta que Yair Palid diz apenas que “há civis que foram machucados” e que “isso é o que acontece quando você tem um conflito numa área com alta densidade populacional”.
Os civis não estão sendo apenas “machucados”, e sim mortos. Essas mortes, por sua vez, não são um resultado colateral de atentados “cirúrgicos” contra o Hamas, como Yair Lapid dá a entender. A população palestina está sendo martirizada com ataques a hospitais e com cercos que repelem até mesmo a ajuda humanitária vinda de outros países.
No recente cerco ao Hospital Al-Shifa, três bebês morreram depois que uma bomba atingiu as proximidades, desligando o gerador que alimentava as incubadoras na enfermaria neonatal. A falta de combustível em Gaza, provocada pelo cerco sionista, colocou a vida de 120 bebês sob risco, dos quais alguns já morreram pelo mau funcionamento das incubadoras.
Os bebês, que não foram mortos em “conflito” algum, são em sua “maioria” terroristas? É evidente que não.
O que as declarações de Lapid revelam é que há um acordo no interior do Estado de israel de que a política em relação ao povo palestino é o genocídio, a limpeza étnica. Isto é, não se trata apenas de uma posição do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que é um fascista e deveria responder por seus crimes de guerra. Trata-se de uma posição comungada por seus ministros, pelas forças armadas e até mesmo pela oposição ao governo.
Merece destaque também o fato de que Yair Lapid é membro do Yesh Atid, o partido israelense que atua como uma espécie de sucursal do Partido Democrata norte-americano. Defensor das bandeiras tipicamente liberais dos democratas, como a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, o Yesh Atid foi utilizado, há alguns anos, pelo imperialismo norte-americano para interromper por um breve período o controle de Netranyahu sobre o Estado israelense.
De um lado, o primeiro-ministro de Israel promete “nada além de bombas” para os palestinos em Gaza. De outro, a oposição aplaude os assassinatos em massa cometidos pelas tropas israelenses. O quadro é claro: o Estado de Israel como um todo é fascista e, por isso, precisa ser dissolvido.
As declarações da oposição revelam claramente que não se trata apenas do fato de que o partido que governa Israel é de extrema-direita – o Likud, inclusive, é moderado em comparação a outros partidos israelenses. O problema de Israel é que é um Estado organizado pelo imperialismo, que é genocida, sobre a base do sionismo, que é uma ideologia genocida.
A única forma de impedir que Israel seja uma máquina de repressão contra árabes e os demais povos do Oriente Médio é a sua dissolução.