Os acordos bianuais, defendido por grande parte da burocracia sindical, nas campanhas salariais dos bancários tem facilitado a vida dos banqueiros que ficam dois anos tranquilos sem que a categoria se mobilize em defesa das suas reivindicações. Além disso, as propostas de reajuste salarial são aceitas e defendidas pelas direções do movimento, onde os índices não recompõem nem ao menos a inflação.
Um dos instrumentos utilizados pelos banqueiros para bloquear a luta é justamente a questão da distribuição dos Lucros e Resultados (PLR) da empresa.
A campanha salarial de 2022, onde a categoria ficou mais uma vez com os salários congelados (8% referente à inflação, quando os dados oficiais deram 8,54% em 2022 e a inflação de 2023 mais 0,5% de “ganho real”), teve a defesa intransigente da direção do movimento à proposta dos banqueiros referente ao reajuste. Alegando que a mobilização vinha num decrescente, a direção do movimento, mais uma vez, deu sinais de que, na verdade, não defendeu os interesses da categoria, mas sim dos patrões.
Na verdade, o que está por trás desta política é a total capitulação da burocracia sindical em não apostar na mobilização dos trabalhadores e apostar nas eternas mesas de negociações onde os patrões entram com a corda e os trabalhadores com o pescoço.
Uma das formas encontrada pelos banqueiros para iludir os trabalhadores, com a conivência da burocracia sindical, é a tal da Participação dos Lucros e Resultados. No famigerado governo de FHC (PSDB) na década de 1990 de reajuste zero e abonos, hoje essa política se transformou em PLR.
Ao contrário do que apregoa os banqueiros, a PLR serve, em primeiro lugar, como um meio para os patrões evitarem aumentos salariais, mantendo os salários congelados e, portanto, desvalorizando o poder de compra dos mesmos à medida que aumenta o custo de vida. A PLR não acrescenta ao salário, pois é um abono independente desde, o que permite aos patrões evitar sua incorporação nos salários, transformando-a em um mecanismo mais fácil de manipular que o abono comum.
A PLR é, também, um instrumento de barganha do patrão na hora que a categoria for discutir o aumento salarial. A empresa, manipulando as dificuldades econômicas dos trabalhadores, criadas pela sua política de arrocho salarial, desvia a reivindicação salarial para que os trabalhadores se contentem com esta espécie de abono, de periodicidade esporádica, que não na folha de pagamento, não é incorporada nos salários dos trabalhadores, nem nos seus benefícios e direitos (FGTS, horas extras, férias, décimo terceiro salário, etc.). Ela é usada pelo empresariado para desviar a atenção dos trabalhadores, opondo-a a qualquer luta por aumento salarial.
Além disso, a PLR é uma arma ideológica dos patrões contra a unidade dos trabalhadores. Na consciência dos trabalhadores, a unidade operária contra os patrões, ou seja, contra a exploração capitalista e, portanto, contra o lucro capitalista, é substituída pela luta em defesa do lucro da empresa porque, deste modo, ao aumentar o lucro aumentaria também a fantasiosa “participação” do trabalhador neste lucro. Ao aceitar a PLR, os sindicatos estão estimulando a divisão entre os trabalhadores na luta contra o capital e impulsionando uma falsa unidade entre os trabalhadores e os patrões na defesa do lucro capitalista.
A força do trabalhador está na sua unidade. Ao criar competição no meio da classe trabalhadora, a burguesia consegue enfraquecer sua resistência, fortalecendo a engrenagem capitalista e a exploração dos trabalhadores.