Nesta segunda (20), o ocorreu a 20ª Marcha do Dia da Consciência Negra, na cidade e São Paulo. A concentração teve início no Museu de Arte de São Paulo, às 12h, e caminhou pela Avenida Consolação a partir das 16h até chegar ao Teatro Municipal, onde finalizou. Contou com participação de diversas organizações, dentre as quais o Partido da Causa Operária (PCO) e Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Como era de se esperar, dada sua combatividade, o Partido da Causa Operária foi impedido de falar ao final do ato.
Segundo denúncia de Izadora Dias, militante do PCO, e uma das coordenadoras do coletivo João Cândido, o coletivo de negros do partido, o PCO foi novamente alvo de uma manobra que lhe cerceou o direito à manifestação:
“O nosso coletivo foi convidado por um membro da organização da marcha chamado Cosme […], que havia me dito que a gente já estava inscrito para falar no momento em que o carro começasse a andar e quando isto aconteceu, procurei as pessoas que estavam pegando as inscrições, e disse que havia falado com o Cosme, e disse que ele havia me inscrito. E então eu pedi para ele me dizer quantas pessoas havia na minha frente. Ele disse que tinha bastante pessoas, cerca de 20 ou 30 pessoas. Então eu fiquei aguardando e, quando passou mais ou menos esse tanto de pessoas fui ao carro de som para poder falar e perguntei quantas pessoas faltavam. Nisto, uma mulher que recolhia as inscrições, disse que eu não estava inscrita, que era para eu ter me inscrito, entre as 14 e as 16h […] daí eu procurei o Cosme […] percebi que ele tentou argumentar, mas vi que a mulher deu um sinal para ele não me ajudar e, depois, ela disse que se o PCO tivesse sido inscrito antes, seria um privilégio”.
Izadora denuncia que inúmeras organizações são privilegiadas de fato, pois já estavam inscritas previamente e inclusive falaram no carro de som, tais como parlamentares do PSOL, grupos ligados ao mesmo partido, entre outras.
Ainda segundo a militante do PCO, quando o carro de som parou, disseram a ela que ninguém mais iria falar: “o combinado era que quando o carro de som parasse, as organizações não iriam falara mais”. No entanto, Izadora denuncia que organizações do interesse da organização do ato continuaram a falar, enquanto a organização cortava as inscrições de inúmeros outros grupos, cerceando o direito à manifestação deles.
“Uma questão que me deixou muito revoltada é que havia grupos populares. Um rapaz representava um grupo chamado ‘A voz da periferia’ e queria contar sobre o trabalho do grupo dele, que atua com jovens dependentes químicos na região de Itaquera, nas favelas em volta. Segundo o jovem, ele estava inscrito desde o início da marcha na Avenida Paulista, mas simplesmente não o deixaram falar”. Veja a denúncia abaixo:
Izadora então conclui:
“O que acontece: só fala quem é ligado à panelinha da organização; quem é ligado aos parlamentares do PSOL; os grupos ligados às ONGs imperialistas e esses poetas e rappers que são das panelinhas deles. Só são escolhidos para falar aqueles que dizem coisas amenas, que não denunciam nada que realmente acontece com a população negra. Quem é realmente dos movimentos populares não consegue falar. Assim, eles vão boicotando o movimento e desanimando as pessoas de participarem”, encerra.