A derrota do peronismo na Argentina e a ascensão do ultraliberal Javier Milei, representante da política do imperialismo na América Latina, coloca o governo brasileiro e os projetos de desenvolvimento econômico da região em maus lençóis.
Um dos principais blocos em que o Brasil vai se encontrar totalmente isolado será o Mercosul. Criado em 1991, em acordo assinado em Assunção, no Paraguai, o bloco econômico tem como principais parceiros comerciais Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai. O objetivo é aumentar as relações comerciais e o desenvolvimento industrial destes países. Como bom capacho dos norte-americanos, Milei considera o Mercosul um “estorvo” econômico.
Com quase 10% a mais de votos que o segundo candidato, Javier Milei é um produto direto da polarização política internacional, é uma investida bastante ousada do imperialismo, um golpe de Estado violento em curso. As propostas do vencedor das eleições são claramente repressivas e de ataque direto à população, à economia argentina e aos trabalhadores de uma forma bastante radical.
A vitória de Milei mostra o fracasso da política econômica de Alberto Fernández junto ao seu Ministro da Fazenda, Sérgio Massa, que inclusive foi o candidato derrotado nas eleições deste domingo (19). A Argentina, neste momento, aponta uma inflação de 150% ao ano, a dívida bruta do país supera 88% do Produto Interno Bruto. A perda do poder de compra levou o país a ter mais de 40% da população em situação de pobreza.
Voltando às consequências para o Brasil e para a América Latina em relação ao avanço da extrema-direita na Argentina. Em 2016, a Venezuela foi expulsa do Mercosul; a partir do ano que vem, Paraguai e Argentina serão controlados por governos direitistas ligados diretamente ao imperialismo; o Uruguai, com Luis Alberto Lacalle Pou, será a mesma coisa. Ou seja, são três governantes que não tem compromisso nenhum com o desenvolvimento regional, muito pelo contrário, o trabalho deles é justamente o oposto.
Outro ponto crucial em relação à política econômica internacional que a vitória de Milei pode impactar significativamente é a entrada da Argentina nos BRICS a partir de janeiro de 2024. A economista candidata a Ministra de Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, já afirmou que não vai aderir ao bloco econômico. Mondino aponta que “não vê vantagem” para o governo argentino participar do BRICS.
Esse isolamento do governo Lula em relação ao BRICS e ao Mercosul irá dificultar a retomada econômica tanto da América Latina quanto brasileira. Lula deve se manter atento, uma crise como a da Argentina no Brasil durante seu mandato pode abrir possibilidade para que a extrema-direita retome o poder no país com um novo Milei. Em outras palavras, estaríamos enfrentando um Bolsonaro piorado.