Durante debate realizado no auditório Milton Santos, na FFLCH da USP, nesta quinta-feira (9), a esquerda convidou uma sionista para discursar em evento em defesa da Palestina.
Raquel Rolnik, do coletivo Judeus pela Democracia, condenou, em sua fala, “ataques hediondos” do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe) no dia 7 de outubro, quando ocorreu a Operação Dilúvio Al-Aqsa.
Supostamente, o Hamas teria assassinado inúmeros civis israelenses, o que tem sido desmentido pela imprensa investigativa, revelando que foi o próprio Estado de Israel que matou sua população, seguindo a Diretiva Aníbal.
No entanto, atribuindo 1,4 mil mortes de civis israelenses ao Hamas, Rolnik disse que lhe incomodava que “esses assassinatos não sejam igualmente condenados”, comparando a ofensiva do Hamas com o massacre promovido por Israel na Faixa de Gaza.
Os sionistas mataram mais de 10 mil cidadãos, entre 4 mil crianças e mais de 2 mil mulheres; destruiu infraestrutura civil, como escolas, ambulâncias e hospitais; realizou um cerco à região que impede a entrada de medicamentos e bens essenciais; enfim, transformou Gaza em pó, sem água, sem eletricidade, só poeira.
Recentemente, o coletivo Judeus pela Democracia publicou uma nota descrevendo seu posicionamento em relação à guerra Israel-Palestina. No próprio documento, eles se descrevem como “um coletivo formado por pessoas com opiniões e posições distintas, sobretudo quando o tema é sensível, como Israel e Palestina”. Porém, tanto a nota em questão, quanto seu posicionamento em relação a outros temas, mostram que são, na realidade, defensores ferrenhos do sionismo — portanto, contrários aos interesses da população palestina.
Para dar um exemplo, na nota, o coletivo do qual Rolnik faz parte também tenta equiparar a ação heroica do Hamas com a ocupação nazista de Israel, exigindo, dentre outras coisas, a “desmobilização do Hamas”.
Por isso, logo após sua saída do auditório, ela foi seguida pela única câmera da imprensa burguesa que registrava os acontecimentos. Um funcionário do SBT, que faz parte da imprensa sionista, seguiu-a com uma câmera e afirmou, conforme ouviu nossa equipe de reportagem, que queria realizar uma entrevista, pois achou “interessantes” as colocações feitas por ela.
Depois, o câmera nunca mais voltou para o evento, abrindo a possibilidade de que o coletivo tenha combinado com a imprensa burguesa a divulgação da fala de Rolnik.
Fato é que, com aval da esquerda pequeno-burguesa, o sionismo está se infiltrando na campanha em defesa da Palestina para desmobilizá-la por dentro. Por isso, a defesa do Hamas, vanguarda da luta pela libertação nacional contra o sionismo, se torna inaceitável.