A decisão do presidente Lula de seguir a política do ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), de colocar as Forças Armadas para atuar em portos, aeroportos e fronteiras, é totalmente equivocada. Dino, um tucano infiltrado no governo petista, pressionou para que o presidente aceitasse mobilizar os militares em Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para combater o “crime organizado”
É uma decisão politicamente perigosa, pois estabelece a intervenção dos militares nos assuntos civis. O combate ao crime é um problema da sociedade, e não um problema militar. As Forças Armadas deveriam ser mobilizadas apenas para a defesa nacional.
Quando os militares intervêm em assuntos civis (o que tem ocorrido sistematicamente desde o golpe de 2016), o golpe militar fica mais próximo. Aliás, os militares tiveram participação direta na derrubada de Dilma Rousseff, na prisão de Lula e na eleição de Jair Bolsonaro, garantindo todas as etapas do golpe.
Colocar os militares nas ruas é dar poder ao comando golpista das Forças Armadas, controlado por bolsonaristas e capachos do imperialismo norte-americano.
Ademais, a repressão ao crime já se comprovou ineficiente. Ao contrário, a atuação direta dos militares brasileiros causou inúmeros desastres, como no Haiti e na intervenção no Rio de Janeiro comandada pelo general Braga Netto, que depois se tornou candidato a vice-presidente da chapa de Bolsonaro em 2022.
Ou seja, não só não vai “acabar definitivamente com o crime organizado”, como disse Lula, mas vai causar um caos social ainda maior. Do ponto de vista político, Lula dá forças aos seus inimigos.
Isso demonstra o caráter reacionário da política do Ministério da Justiça. A política repressiva de Dino não condiz com a esquerda. O ministro colocou na cabeça que é o novo George Bush, mobilizando a Polícia Federal para atuar com as policiais estaduais no “combate ao terrorismo”.
Assim, no mesmo momento que a Polícia Civil se mobilizava para impedir atentados em escolas, a PF de Dino, com apoio do Mossad (a “CIA” de Israel), prendia “terroristas do Hesbolá”, como anunciou a imprensa capitalista, num claro ataque à soberania nacional e numa clara tentativa de provocar o gigantesco movimento de defesa da Palestina, contra o genocídio promovido por Israel.
O resultado da “luta contra o terrorismo” já sabemos: o aumento da repressão estatal contra o povo. Nos EUA, a Lei Patriótica de Bush destituiu todos os direitos democráticos da população, criando um Estado policial e de vigilância. O resultado é o mesmo da “luta contra a corrupção”, pretexto usado pelo imperialismo para mobilizar a Operação Lava Jato e dar o golpe.
Lula deve se livrar de Dino, um tucano que, cada vez mais, se assemelha ao bolsonarismo.