O site jornalístico Greyzone publicou uma denúncia de censura imposta na Universidade de Nova Iorque (cuja sigla em inglês é NYU) para blindar o sionismo. O site publicizou uma carta enviada às lideranças da NYU e assinada por membros da “comunidade judaica” da universidade, incluindo o ex-embaixador norte-americano em Israel, David Friedman. Durante o governo Trump, Friedman ajudou a supervisionar a transferência da embaixada norte-americana de Tel Aviv para Jerusalém, o que foi interpretado pelos povos árabes como uma grave provocação. Em 2018, Friedman demonstrou sua ignorância proposital em relação ao povo palestino ao dizer “Eu não consigo entender. As pessoas em Gaza, elas são basicamente egípcias. Por que o Egito não pega elas de volta?”
A partir do mote da “segurança e bem-estar das vidas judaicas no campus”, a carta acusa a NYU de se recusar a “agir contra aqueles que endorsam puro ódio e promovem violência”. Apesar de pontuar isso de forma bastante firme, os fatos citados na carta estão muito longe do que é sugerido. Por exemplo, nenhum estudante judeu foi agredido ou molestado simplesmente por ser judeu. Nem foram citados casos de incitação ao ódio contra judeus. Porém, como temos visto intensamente nas últimas semanas, “antissemitismo” virou sinônimo para qualquer crítica à política genocida e racista do estado de Israel contra o povo que já vivia na Palestina antes da invenção desse estado pelo imperialismo.
Vamos aos exemplos de “puro ódio” e “promoção da violência”:
– Dias após os ataques de 7 de Outubro, a presidente da Associação de Advogados Estudantis publicou um texto no jornal da universidade culpando cidadãos israelenses (na verdade, a política estatal de Israel) pelos ataques liderados pelo Hamas;
– Estudantes foram flagrados “repetidamente” rasgando pôsteres de propaganda israelense que mostravam israelenses que teriam sido sequestrados;
– Um estudante teria sido encurralado por estudantes “pró-Palestina” para que apagasse vídeo que fez para registrar o rasgamento de pôsteres;
– E finalmente, a carta denuncia que professores e estudantes têm organizado protestos que trazem slogans pedindo por uma “Intifada” e pela “eliminação do estado judeu”. Citando como exemplo um protesto realizado numa biblioteca, que teria sido “violada” pelos manifestantes, transformando “o que deveria ser um local silencioso e livre de controvérsias numa cova de leões de ódio e antissemitismo”.
Ou seja, basicamente ações políticas em solidariedade a um povo que vem sofrendo as mais brutais violências registradas nos tempos modernos. Os signatários da carta exigem então que a universidade puna com rigor todos os envolvidos nesse tipo de manifestação: “Onde está sua condenação? Onde está sua espinha moral? Onde está a linha que separa a liberdade de expressão e a incitação à violência?”
Uma consequência já reportada foi em relação a Ryna Workman, que publicou texto crítico à política israelense no jornal da universidade. Além de perder o posto de presidente da Associação de Advogados Estudantis, foi retirada uma oferta de trabalho que já tinha recebido. Um alarmante sinal do sucesso do lobby sionista em impor uma censura generalizada ao nível mundial. Assim como temos visto no Brasil, a campanha que visa silenciar as denúncias do genocídio contra os palestinos está a pleno vapor mundo afora. Isso reforça a importância de uma luta decidida em defesa do povo palestino e dos grupos armados que combatem diretamente esse genocídio.
A matéria assinada por Alexander Rubinstein termina citando a ligação do ex-embaixador Friedman com o assentamento ilegal de Beit El, onde o sobrenome “Friedman” nomeia escolas e praças, entre outros, no assentamento. Fazendo referência a uma análise realizada pela ONG American for Peace Now (Americanos pela Paz Agora) em 2006, Rubinstein traz a informação de que 96,85% do assentamento é composto por propriedade privada apreendida ilegalmente. A campanha de censura serve para esconder esse tipo de fato muito recorrente em toda a Palestina.