O sítio Esquerda Marxista publicou uma matéria intitulada “Ato organizado pela Esquerda Marxista e pelo PCB-RR discute as guerras imperialistas”, assinado por Rannah Brasil e publicado no último dia 3, tratando da participação de grupos da esquerda pequeno-burguesa em ato realizado no dia anterior, com o tema “Ato contra as guerras imperialistas – Ucrânia e Palestina”, onde um dos oradores, Serge Goulart – representante da Esquerda Marxista -, criticou “a solução de dois Estados, sem, no entanto, dizer o que fazer na questão.
Este Diário Causa Operária, por exemplo, defende o fim do Estado de Israel, mas explica a posição destacando a impossibilidade prática de dois Estados no território da antiga Palestina. Inevitavelmente, o Estado sionista irá canibalizar tudo o que puder, até dominar a região e expulsar os palestinos de suas terras. A Palestina, por sua vez, fatalmente iria reagir, porém com mais organização e recursos, o que seria um pesadelo para os planos do imperialismo.
Finalmente, os sionistas foram estimulados a odiar visceralmente os palestinos há mais de cem anos e ao longo das décadas de barbárie, os palestinos também. Os dois países estariam sob guerra constantemente até que um extermine o outro.
Para evitar tamanho derramamento de sangue, entendemos que a única solução segura é extinguir Israel, um maquinário político criado para oprimir os árabes e controlar o Oriente Médio. Uma Palestina autônoma, independente e multinacional, povoada também pelos colonos que lá desejarem viver em harmonia com os habitantes originais, seria a solução para por um fim à carnificina, que hoje assola os árabes, mas que em algum momento se voltará contra os judeus.
Nada disso, no entanto, fica claro na fala de Goulart. Segundo o sítio, o orador “finalizou ressaltando a necessidade da revolução como única solução para resolver a questão da Palestina”, acrescentando ainda trechos de sua conclusão: “Somente a mobilização dos trabalhadores e a organização dos comunistas poderão levar à libertação da Palestina e ao fim das guerras imperialistas.” Muito simpático, mas qual a política concretamente?
Existe um setor esquerdista diletante e demasiadamente enfadonho, cuja proposta é que todos chorem pela dor dos palestinos. Para os adeptos desta linha de “ação”, todos deveriam debulhar-se em lágrimas, talvez por acreditar que isto pode sensibilizar os sionistas, impedi-los de continuar despejando bombas em hospitais e matando crianças.
Outros, tiram da cartola a revolução socialista como uma cura miraculosa para todos os males do capitalismo. É o caso de Esquerda Marxista, que defende “a necessidade da revolução como única solução”. Ora, única? E até lá, como vivem os martirizados povos árabes? Como fazer a revolução socialista nas condições em que vive a Palestina? Nada disso é tratado.
A esquerda pequeno-burguesa omite esse problema por uma capitulação. O imperialismo precisa manter Israel e diante da necessidade, não liga para as lágrimas e nem para soluções genéricas como “revolução socialista”, sendo, no fim, o principal beneficiado de uma política abstrata, desprovida de concretude sobre o que fazer em relação ao conflito.
“Intifada até a vitória!”, diz Goulart e também os demais participantes do ato. Qual, no entanto, seria a vitória? Seria o fim do Estado de Israel? Se sim, porque não dizer? A retórica inflamada é revolucionária apenas de maneira superficial.
O que os esquerdistas fazem, efetivamente, com sua política capituladora é extravasar o repúdio que Israel promove em um determinado setor da pequena-burguesia. O imperialismo, claro, agradece.