No último dia 4, diversas organizações de esquerda foram às ruas em São Paulo para defender a causa palestina. O bloco do PCO teve especial destaque, na medida em que era o maior numericamente e o mais resoluto do ponto de vista político – apoiando abertamente a resistência armada, tendo trazido bandeiras e camisas do Hamas e cantando palavras de ordem que saudavam os grupos que lutam na região.
Entretanto, um aspecto que merece ser destacado neste ato que reuniu milhares de pessoas é o silêncio sepulcral da imprensa burguesa. Até o momento da redação destas linhas, não houve uma única matéria em O Globo, Folha de S. Paulo ou Estado de S. Paulo comentando a manifestação de ontem, apesar de seu caráter expressivo. As menções ao ato se concentram em blogues sionistas de extrema-direita, tais quais a Revista Oeste.
De tal modo, evidencia-se o caráter ideológico de tipo reacionário que governa a linha editorial dos monopólios de imprensa. Afinal, é evidente que não se trata de um mero descuido jornalístico, mas de uma tentativa deliberada de ocultar a grande popularidade que possui a luta palestina – e, inclusive, o Hamas. Para a imprensa, é inaceitável o fato de o maior bloco – e o que mais atraía os árabes – ter sido o do PCO, precisamente por ser o único que chamava abertamente a um apoio ao Hamas, sem se acovardar diante da campanha sionista.
Apesar disso, os atos têm se desenvolvido e crescido. Com isso, a campanha de censura que a extrema-direita dirige contra os companheiros que se posicionam em defesa dos palestinos e a tentativa de um setor muito reacionário da esquerda pequeno-burguesa – cujo caráter oportunista de subserviência ao que diz a Globo se sobressai nesses momentos – de censurar qualquer menção ao Hamas têm se comprovado fracassados. Afinal, ato após ato, mais pessoas são atraídas a luta, mais o bloco do PCO cresce e mais resolutos estão os companheiros na defesa da resistência armada palestina.
É a partir destes dados e dessa análise que se deve entender o silêncio da imprensa. Tendo entendido a conjuntura política sobre a qual se desenvolvem as manifestações, torna-se evidente que a ausência de comentários a respeito das mobilizações de anteontem tem o objetivo de ocultar a real tendência das massas – cada vez mais antissionistas –, que é desfavorável a campanha que a imprensa impulsiona neste momento.
Diante desses fatos, torna-se essencial apoiar os órgãos de imprensa verdadeiramente independentes, como este Diário. O que a imprensa propagandeia é que o apoio ao Estado ilegítimo de Israel é majoritário entre a população; no entanto, essa ideia é completamente falsa, visto que os atos de rua a desmascaram contundentemente.
Não é que não exista um setor que ceda a propaganda imperialista e defenda Israel. Tal setor existe dentro da população brasileira; entretanto, ele é minoritário e se reduz, principalmente, aos evangélicos neopentecostais e aos bolsonaristas. Ocorre que esse apoio tem se enfraquecido com o desenrolar da guerra.
Por outro lado, existe um apoio significativo do povo à luta palestina – e, inclusive, ao Hamas, como foi demonstrado pela manifestação de anteontem e pelas atividades de rua realizadas pelos militantes do PCO –, que a imprensa oculta. De tal modo, ao medir as disposições no tabuleiro político, é um erro crasso tratar como correta as estimativas feitas pela imprensa, pois se tratam de estimativas deliberadamente mentirosas.