O cinismo e a desfaçatez parecem mesmo não conhecer limites quando o capitalismo agonizante experimenta ou passa por uma nova etapa de crise, como a que vivenciamos no atual momento. Para termos uma ideia do que isso significa, vejamos o que aconteceu: o porta-voz do Pentágono, Pat Ryder, declarou, no último dia 2, que os Estados Unidos querem que Israel respeite o “direito humanitário internacional” e se esforce para separar os civis da Faixa de Gaza dos militantes do grupo armado Hamas.
Ryder afirmou ainda que Israel segue como “responsável final” pela condução das operações e que acredita que os israelenses levam em consideração as leis da guerra. Alguém em sã consciência e que testemunha as imagens dos horrores que há quase trinta dias são vistos a partir da Faixa de Gaza poderia tratar como pessoas normais esses verdadeiros psicopatas norte-americanos e israelenses?
Indo um pouco mais adiante nas palavras que parecem não serem verdadeiras, tamanha a hipocrisia e insensatez, o porta-voz disse ainda: “Estamos conversando com Israel sobre a importância de levar em conta o direito de guerra [o direito humanitário internacional]. Queremos que eles façam distinção entre terroristas e civis“,
Uma das regiões mais pobres do mundo, Gaza tem mais de 80% da população na pobreza e sofre bloqueio de Israel por terra, ar e mar desde 2007. Isso para nos situarmos em épocas mais recentes, pois, na verdade, a opressão feroz contra os palestinos completou 75 anos agora em 2023, desde quando foi criado o artifical Estado judeu, em 1948. Se há algum terrorista nessa história, vamos combinar, esses são os sionistas, os senhores que perpetram esse massacre, esse enorme genocídio contra a população pobre, desarmada e indefesa de Gaza e dos demais territórios ocupados ilegalmente por Israel.
Parece inacreditável, mas os que patrocinam e sustentam política, econômica e militarmente uma das maiores máquinas de guerra do planeta – o Estado sionista – estão pedindo a esse mesmo estado “moderação” no que diz respeito aos crimes, à barbárie que vem sendo cometida em Gaza. Ou seja, os que promovem o mais completo desrespeito e violam todas as mais elementares regras do “direito internacional” (os EUA são os campeões mundiais das agressões contra outros povos, desconhecendo decisões da ONU quanto a não invadir ou iniciar ataques militares contra outros países) estão recomendando ao seu aliado incondicional na conflagrada região do Oriente Médio que “leve em conta” o direito de guerra.
Os criminosos perderam completamente o referencial humanitário (na verdade, nunca tiveram), que conseguiram ocultar ou disfarçar em tempos de menor crise. No entanto, com o aprofundamento das contradições que dilaceram o modo de produção lastreado na propriedade privada, todos os antagonismos parecem aflorar de uma só vez, mostrando a verdadeira face bárbara do moribundo capitalismo em sua fase terminal, o imperialismo.