Na semana passado, vinte e sete deputados bolsonaristas encaminharam um ofício ao delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Artur José Dian, solicitando a prisão de João Jorge Pimenta, membro da direção nacional do Partido da Causa Operária, por “apologia ao crime de terrorismo”. O suposto crime consistiu em solicitar uma salva de palmas ao Hamas e todos os grupos armados da resistência do povo palestino que lutam contra o Estado de Israel. O problema é que nem a Organização das Nações Unidas (ONU) e tampouco o Brasil consideram o Hamas como uma organização terrorista.
Diante dos últimos acontecimentos na Palestina, marcados pela inédita resposta das forças de resistência armada dos palestinos contra o Estado de Israel no último 7 de outubro, a imprensa porta-voz dos interesses do imperialismo ampliou ainda mais a propaganda contra o Hamas. O “terrorismo” tem sido utilizado como pretexto para justificar o verdadeiro massacre que os sionistas estão promovendo com massivos bombardeios contra os palestinos na Faixa de Gaza. Para os setores direitistas, todos os que denunciam os bárbaros crimes cometidos pelo Estado de Israel seriam defensores do terrorismo.
Nos Estados Unidos, após grandes mobilizações da juventude, o Senador Tom Cotton, do Partido Republicano, enviou uma carta ao Secretário do Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS, sigla em inglês), Alejandro Mayorkas, solicitando a deportação de todos estudantes estrangeiros que assinaram o manifesto de uma organização que teria minimizado a ação do Hamas, bem como das 30 organizações que o endossaram.
A diferença entre este caso, ainda que não tenha existido um apoio aberto ao Hamas, e o que envolve o dirigente do PCO é que, nos Estados Unidos, a organização islâmica realmente é reconhecida como terrorista. Além dos EUA, somente Austrália, Canadá, União Européia e, obviamente, Israel consideram o Hamas como agrupamento terrorista. Por outro lado, o Brasil segue as resoluções da ONU sobre o tema, as quais não reconhecem o Hamas como organização terrorista.
O debate sobre a definição de terrorismo pela comunidade internacional já se arrasta por algumas décadas. O imperialismo tem empreendido grandes esforços desde a década de 1990 para se chegar a uma resolução que atenda seus interesses, mas, ainda que se trate de uma farsa para impor os interesses dos países do bloco imperialista aos demais países do mundo, nem mesmo a ONU reconhece a organização islâmica como terrorista, isso acontece por falta de consenso entre os países. A definição atual da ONU diz:
“O terrorismo consiste na prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos neste artigo, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública”.
Diante disto, pode-se concluir que terrorista é o Estado de Israel. Há 75 anos, o regime sionista se apoderou de quase a totalidade do território da Palestina, onde promove uma brutal limpeza étnica, tendo expulsado milhões de árabes do país, tornado centenas de milhares prisioneiro em seus campos de concentração nazista e ainda assassinado outras dezenas de milhares de palestinos. Logo, defender o Hamas se trata de defender o oposto de terrorismo.
É preciso destacar que, independente de se tratar de uma posição correta, não se trata evidentemente de uma posição soberana do Brasil, que fica a reboque da ONU. O governo Lula deve romper as relações com o Estado de Israel e expulsar suas autoridades do País. Neste mesmo sentido, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) deve defender a resistência armada do povo da Palestina.
O procurador-chefe da operação golpista da Lava-jato, Deltan Dallagnol, também quer a prisão de João Jorge Pimenta, assim como, de Francisco Muniz, que também é membro da direção nacional do PCO. Por outro lado, a imprensa porta-voz do imperialismo também intensificou os ataques contra o partido em virtude da defesa do Hamas. Ratinho, apresentador do SBT, defendeu a prisão de todos os militantes do PCO, ou seja, a criminalização do partido. Além disso, o militante Vinícius Rodrigues, que foi orador em ato no Rio de Janeiro, assim como, Muniz, que foi orador em ato em São Paulo, recebeu ameaça de morte de bolsonaristas-sionistas.
Não se pode permitir nenhum tipo de repressão e censura em decorrência da defesa do Hamas. Os setores populares precisam ocupar as ruas do país em defesa da luta armada do povo palestino contra o nazismo sionista. É preciso derrotar o imperialismo no Brasil e na Palestina! Pelo fim do golpe de estado de 2016 e pelo fim do Estado de Israel!