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Resposta à Gherman

Sionista de esquerda é tão real quanto o tucano de esquerda

O sionista é de esquerda até os palestinos se revoltarem contra a ocupação de “Israel”, nesse momento ele se torna a ala esquerda do governo Netanyahu

Com o início do atual confronto entre “Israel” e a Palestina os sionistas de esquerda estão muito ativos tentando embelezar o genocídio pepetrado pelos israelneses. Um dos mais importantes no Brasil é Michel Gherman, defendido até por setores da esquerda como o PCdoB. A colunista do UOL, Milly Lacombe, o entrevistou e publicou o artigo intitulado “Sionismo e revolução política: uma entrevista com Michel Gherman”. Aqui fica claro como o sionismo é tão de esquerda quanto eram os Fasci Italiani di Combattimento de Benito Mussolini. 

Ele começa com o tradicional argumento de que existe um sionismo de esquerda e um de direita e que a esquerda sionista teria uma política diferente: “Há outra questão importante: entende-se o sionismo como um programa absoluto. Assim, tem-se a ideia de uma sociedade corporativa onde esquerda e direita funcionam de comum acordo em um simulacro de disputas e discordância. Essa perspectiva conspiracionista (filha de referências antissemitas) quaisquer disputas internas no interior de Israel como fingimento sionista.” Aqui ele esquece de informar o motivo que se considera o “sionismo” absoluto. Isso porque todos os ramos do sionismo tem uma política bem definida, roubar as terras dos palestinos. A esquerda sionista não apresenta uma política para essa questão crucial pois ela defende a ocupação militar.

Ele então usa a proposta dos dois Estados para justificar o seu “esquerdismo”: “Considero que a formação de um Estado Palestino com segurança e dignidade ao lado de Israel é parte dessa agenda. Considero também um horizonte de confederação palestina-israelense no futuro como possibilidade. Mas, mais que tudo, hoje considero urgente e fundamental o fim da ocupação militar e civil de israelenses nos territórios palestinos.” O problema aqui é que desde a fundação do Estado de “Israel” essa sempre foi a política oficial do sionismo. A ONU deliberou dois Estados, o que aconteceu? Apenas o Estado de “Israel”, os acordos de Oslo deliberaram dois Estados, o que aconteceu? Apenas o Estado de “Israel”. Isso porque a política dos dois Estados é impossível. Esse é o golpe do sionismo de esquerda. 

A proposta em si também não faz sentido, “fim da ocupação militar e civil israelesne” é equivalente ao fim do Estado de “Israel”. A não ser que a definição de territórios palestinos para os sionistas seja diferente daquela que é para os palestinos, essa é a posição de Gherman. A tese dos dois Estados novamente é usada pois haveria um território Palestino determinado pela ONU que “Israel” não poderia ocupar. Mas isso é totalmente absurdo, todo território que “Israel” controla é território da Palestina.  Porque a ONU teria o direito de ceder metade de um país para um povo estrangeiro?

Ele segue com uma poesia afirmando que o judaísmo dele é muito plural. Se na religião ele tem essa crença na política, no entanto ele afirma o oposto pois defende a ocupação militar da Palestina. E então ele volta aos argumentos políticos: “A judeidade é um remédio contra o colonialismo, e a colonialidade da ocupação é um veneno contra o sionismo. Uri Ram, sociólogo israelense, chama isso de neo-sionismo, uma perspectiva autoritária e messiânica de identidade nacional judaica. O problema é que ela hoje se apresenta para fora e para dentro como sionismo verdadeiro. São hegemônicos. Por isso é tão importante apoiar o sionismo contra-hegemônico, o maior inimigo da atual extrema -direita israelense”

A “o colonialismo e a colonialidade” são exatamente o que é o sionismo. Isso não é o “neo-sionismo”. O fundador do sionismo Herzl ecreveu o livro “O Estado judeu” que defende a criação de um Estado, portanto tomar o território de outro povo dado que não havia local no mundo onde os judeus eram a maioria. O sionismo verdadeiro é justamente a colonização da Palestina apoiada pelo imperialismo. Ele tenta diferenciar o governo atual de “Israel” do que poderia ser um governo de esquerda, mas ignora que o problema não tem nada a ver com governo mas sim com o Estado. Na África do Sul do Apartheid não adiantaria trocar um branco por outro, era necessário derrubar o Estado do Apartheid, o mesmo vale para “Israel”.

Ele então passa a criticar o governo Netanyahu. Afirma que a extrema direita tem um “judeu verdadeiro” idealizado: “O judeu verdadeiro, o israelense verdadeiro na Israel da Extrema direita, é branco, religioso fundamentalista, ultra capitalista (membro da tal start up nation) e militarizado. É o perfil do colono que vive nos territórios ocupados. Esse colono ocupou o imaginário público em Israel.” Mas qual seria a alternativa? Um judeu de esquerda, não branco, ateu, socialista e não militarizado? Enquanto esse judeu israelense seguir apoiando a ocupação militar da Palestina não importa sua cor ou ideologia. A não militarização por sua vez é totalmente impossível, “Israel” só existe como Estado devido a seu exército armado até os dentes pelos EUA. É ridículo que alguém tente jogar o problema do sionismo para a extrema direita dado que ele existe desde 1948 em todo o espectro político do sionismo.

E por fim ele chega aonde chegam todos os sionistas, o ataque ao Hamas: “O que aconteceu no dia 7 de outubro foi parecido com isso. Um grupo reacionário e profundamente antagonista dos setores mais progressistas da causa palestina produziu um massacre sem proporções em Israel. Eu não tenho nome pra isso, porque não foi só um ato de terror. Foi mais que isso.” Ora, se Gherman é inimigo da ocupação militar da Palestina, por que condena aqueles que lutam contra a ocupação os chamando de reacionários? Esse é o sionista de esquerda, apoia a luta imaginária do povo palestino, a luta real é “pior que terrorismo”. Toda a baboseira falada acima chega na mesma conclusão que Netanyahu: “é preciso esmagar o Hamas”. 

A esquerda sionista só é de equerda até os palestinos começarem a lutar, nesse momento ela se torna a ala esquerda do governo Netanyau, ou seja, ala esquerda do fascismo. No Brasil esses são conhecidos como tucanos. Massacram a população mas usam palavras bonitas, não são grosseiros como os bolsonaristas. Nos EUA é o Partido Democrata, é Biden que tem a mesma política de Netanyahu. Essa é a esquerda sionista, fascistas travestidos de demcratas. E em “Israel” ser fascista é o pior que um ser humano atinge no espectro político mundial.

A partir desse momento a entrevista se torna um ataque reacionário ao Hamas e a luta do povo palestino. Repete a propaganda sionista, fala que o Hamas deu um golpe no Fatah, quando o oposto é a realidade. Depois de todo o sentimentalismo que seria o “esquerdismo” vem a política real, o sionismo. Como os críticos do sionismo afirmam, a direita fala grosso e a esquerda fala chorando. Michel Gherman se adequa bem ao estereótipo. 

Para concluir é bom analisar a proposta do sionismo de esquerda. “o diálogo não está nem com a extrema direita israelense, nem com o Hamas. É preciso interditar esses dois grupos”. A grande proposta é a mesma da política externa dos EUA, esmagar o Hamas e derrubar Netanyahu. Onde está a proposta de esquerda? Da perspectiva da luta palestina o sionismo de esquerda ou de direita é o mesmo. Esmagar aqueles que lideram sua luta, hoje é o Hamas, no passado era a OLP. Eles podem falar em fundamentalismo ou qualquer outro motivo. A realidade é: se luta contra a ocupação de “Israel” é terrorista e deve ser esmagado.

Nas palavras de Yasser Arafat, quando ele dirigia a luta do povo palestino:

“Aqueles que nos apelidaram de terroristas fazem-no para mistificar a opinião mundial e impedi-la de ver a realidade, de ver a nossa verdadeira face, que é a da autodefesa e da justiça, esforçam-se para dissimular a sua verdadeira face, que é a do terror e da tirania e negar a situação de legítima defesa que nos encontramos colocados” – Yasser Arafat, na assembleia-geral da ONU, 13 de novembro de 1974

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