O Instituto Brasil-Israel publicou e divulgou em vários meios uma nota sobre a ação do governo brasileiro diante dos acontecimentos em Gaza.
No início da nota, o órgão elogia “a iniciativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de introduzir o Brasil na luta pela libertação dos reféns israelenses, em mãos do grupo terrorista Hamas.” Belos elogios, quando se trata da posição do Brasil sobre os reféns.
É importante dizer, no entanto, que esses prisioneiros feitos pelo Hamas são garantia contra o verdadeiro morticínio que Israel está promovendo na Faixa de Gaza. Mas o órgão sequer reconhece esse massacre. “A decisão do Presidente, diz a nota, expressa empatia e uma preocupação humanitária legítima”. Aqui, fica claro que a única humanidade que conta para os representantes desse instituto são os israelenses.
E não é exagero. Depois de agradecer a preocupação de Lula com os reféns, o Instituto critica o mesmo Lula: “lamentamos as referências ao termo ‘genocídio’ feitas pelo presidente em uma fala recente, ao se referir ao conflito. Entendemos que a banalização do termo não colabora para a solução justa da tragédia ora em curso em Gaza e em Israel.”
Essa declaração é tão nojenta que fica difícil de caracterizar. Quer que Lula deveria se preocupar com meia dúzia de prisioneiros feitos pelo Hamas, mas sequer deveria mencionar o massacre de cerca de 7 mil palestinos que Israel está matando nesse momento.
A palavra genocídio, usada por Lula, é o mínimo que se pode dizer. O que Israel está promovendo é uma limpeza étnica contra os palestinos.
Criticamos Lula pela maneira que está conduzindo a questão, ao declarar que a ação do Hamas foi terrorista. Mas Lula está certo em denunciar o que Israel está fazendo.
Aliás, se os integrantes desse instituto tivessem um pouquinho de humanidade, também criticaram Israel. Mas aqui, fica claro que o verniz democrático serve apenas para ocultar esse genocídio.
A defesa dos dois estados, que o instituto diz ser sua política, é uma farsa, uma fraude para justificar a continuação da dominação israelense sobre os palestinos.
A nota do tal instituto é escatológica. Ela mostra que Lula não deveria fazer nenhuma concessão a Israel, como tem feito. Isso não adianta. O imperialismo e os sionistas querem mais, querem que o mundo aplaude a barbárie cometida em Gaza. Mas o mundo não está aplaudindo.
“entendemos que a estratégia brasileira, ao tratar o Hamas como uma organização política, acaba por abrir mão da oportunidade de fortalecer a luta pela solução de dois Estados, a única capaz de encaminhar um processo sustentável de paz. O grupo terrorista Hamas é contrário à existência de dois Estados na região.”
Essa é outra colocação cínica e calhorda. O Hamas é uma organização política e o mínimo que ele pode fazer é chamar os palestinos a se defender de armas na mão. O tal Instituto, se fosse minimamente democrático (já vimos que não é) deveria parar de querer chamar o Hamas de terrorista e olhar para o terrorismo e os crimes de guerra que Israel está cometendo contra o povo palestino.