O confronto entre Palestina e Israel se tornou uma questão de primeira importância para a política mundial no dia 07 de outubro, quando o Movimento de Resistência Islâmica, conhecido pela sua sigla em árabe, Hamas, lançou uma operação militar contra o Estado de Israel. A imprensa burguesa, por ser toda ela capacho dos norte-americanos e, portanto, defensora de Israel, diz que o Hamas começou a guerra e é responsável por tudo. Isso obviamente é um absurdo. A guerra na realidade já existe há 75 anos. Israel foi fundado por meio de uma guerra contra os palestinos e essa guerra, na prática, nunca acabou. Hoje, há uma enorme campanha contra os palestinos, pois, depois de muitas décadas, eles venceram uma batalha.
O território da Palestina era ocupado por árabes há mais de mil anos. Os árabes são uma etnia e não uma religião, portanto, antes da criação do Estado de Israel, lá habitavam muçulmanos, em maioria, cristãos e judeus. A Palestina não era um país independente, por séculos ela foi uma colônia dos turcos (otomanos) e, depois que eles foram derrotados na 1ª Guerra Mundial, virou uma colônia dos ingleses. Esse é o momento que começa o processo da criação de Israel.
Um setor da comunidade de judeus da Europa criou o movimento sionista que consistia na tese de imigrar para a Palestina, que eles chamavam de Israel, e eventualmente criar um Estado judeu. Esse setor eventualmente ganhou amplo apoio dos ingleses, pois, por meio desses europeus na Palestina, seria possível aumentar a influência política no Oriente Médio – nesse momento o petróleo já havia se tornado muito importante. Após décadas de migração e com o fim da Segunda Guerra Mundial, o imperialismo da Inglaterra finalmente aderiu à tese dos sionistas e foi a força que de fato permitiu a criação do Estado judeu. Assim, em 1948, criou-se o Estado de Israel.
Imediatamente se iniciaram as guerras. Não só os palestinos como todos os árabes consideraram um absurdo uma população de europeus invadir e tomar as terras de centenas de milhares de pessoas. Os israelenses realizaram uma verdadeira limpeza étnica dos palestinos, estima-se que ao menos 700 mil pessoas foram expulsas de suas terras para a criação do Estado de Israel. Os europeus invasores eram tão agressivos que roubaram até mais terras do que o roubo que havia sido definido pela ONU. Um ponto crucial é que Jerusalém, cidade sagrada para os muçulmanos, deveria se manter neutra. Mas os sionistas europeus fizeram questão de ocupar também essa cidade.
Daí em diante, a história é de 75 anos de opressão do povo palestino. Alguns se mantiveram dentro do Estado de Israel e vivem como cidadãos de 2ª classe. Outros ficaram presos na Cisjordânia, e outros na famosa Faixa de Gaza. Essas sete décadas e meia foram um verdadeiro inferno na Terra, Israel impôs uma das mais brutais ditaduras da história, que foi piorando ao longo dos anos. Apoiados pelo imperialismo dos EUA, eles se armaram até os dentes e passaram também a servir de base para oprimir os outros árabes. Israel, na prática, virou uma base militar dos EUA em suas incontáveis guerras no Líbano, na Síria, no Iraque, no Irã, no Cuaite etc.
Os palestinos, portanto, são vítimas não só de Israel, mas do imperialismo, que é o que de fato permite que aquele Estado exista. Vítimas principalmente dos norte-americanos, mas também dos ingleses, dos franceses e dos alemães. É um povo de uma pequena nação oprimido pelo maior império da história da humanidade e, por isso, esse povo trava uma luta heróica para libertar o seu país. Não é possível falar que os palestinos começaram a guerra, quem começou tudo foram os sionistas europeus quando invadiram o território e realizaram a limpeza étnica, deixando milhões refugiados.
Pelo fim do Estado de Israel!
Diante de toda essa crise, só há uma solução real. O Estado de Israel, apoiado pelo imperialismo, é o motivo de todo o confronto, por isso ele deve cessar de existir. Não é possível manter uma ocupação militar no Oriente Médio que oprime toda uma nacionalidade. Tanto os palestinos, como todos os povos da região, não estão mais dispostos a aceitar isso. Portanto, é preciso uma grande mudança, algo que bote abaixo toda a estrutura criada pelo imperialismo, ou seja, é preciso que se acabe com o Estado de Israel e que se crie um Estado da Palestina.
A propaganda da imprensa burguesa acusa essa proposta de ser antissemita, mas, pelo contrário, é a única proposta que leva em consideração o interesse dos judeus. A outra proposta é a de guerra constante e, numa guerra entre 9 milhões de judeus e 464 milhões de árabes, o resultado final só pode ser um massacre. O fim do Estado de Israel é, na realidade, o fim da guerra. Os palestinos devem ter o direito às suas terras que foram roubadas, devem poder retornar ao seu país. Nessa conjuntura, os judeus que ainda desejarem podem viver como qualquer minoria vive em qualquer país.
O fim do Estado de Israel, portanto, é a única garantia de liberdade para os palestinos. É também uma derrota do imperialismo que perderá sua principal base militar no mundo. E, por fim, é também a única forma que os judeus que habitam o território hoje possuem para que ainda possam se manter lá, sem ser uma força de ocupação militar, mas apenas imigrantes, que é o que de fato são.