Há um tempo que a palavra empoça na mente
E o sentimento coagula no peito
Um sentido abstrato latente
A saudade, a falta
Tanto tempo que faz, era criança
uma luz estrelada no horizonte,
os sonhos leves, a infância
as imagens belas de um dia ido.
Quiçá, talvez, mesmo nos velhos tempos,
a tristeza corroesse os dias lentos
uma lancinante agonia, do dia vindo, do dia ido.
Era eu uma bela infante, dos cabelos lisos, perolados.
A pequena de alvejar os olhos, mas de maldizer a sorte
Certo dia, um quinhão amigo, percorreu os três ciclos da morte
A droga profunda, a arma de fogo e o cárcere escuro
Todos num encantado profano
Os nove ciclos dantescos, foram-lhe a sorte
Dado o infortúnio, jogou-se a um abismo escuro.
E encontrou-se ao outro lado desalentado.
Os sábios, o esquecimento, o sofrimento, as provações.
Todas as formas da morte passaram como séculos
Mas num segundo.
Era a palavra.
Letra a letra, nos infindos caracóis da mente.
Indefinível.