Um grupo de 27 parlamentares bolsonaristas entrou com uma queixa-crime contra João Caproni Pimenta, dirigente do Partido da Causa Operária (PCO), junto à Polícia Civil de São Paulo, por declarar seu apoio à luta do povo palestino e do Hamas. Para além da hipocrisia total dos deputados, que se diziam defensores da liberdade de expressão quando era de seu interesse, destaca-se também o papel ridículo dos bolsonaristas de acusarem o dirigente do PCO de “apologia e exaltação pública de grupo reconhecidamente terrorista”. O grupo ainda caracterizou as declarações do dirigente como “atos de violência perpetrados contra o Estado”.
Antes de tudo, é preciso dizer que o Hamas só é “reconhecido” como “terrorista” se for na cabeça de Carla Zambelli, Nikolas Ferreira e os demais deputados signatários da queixa-crime. O Brasil, país onde os deputados residem e onde está situado o pedido de abertura de inquérito, não considera o Hamas um grupo terrorista. Nem mesmo a Organização das Nações Unidas (ONU) considera o Hamas como terrorista. Em nota publicada recentemente, essa foi, inclusive, a justificativa do Brasil para não considerar o Hamas como uma organização “terrorista”: o fato de que a ONU não o considera.
Suponhamos, hipoteticamente, que o Hamas fosse considerado uma organização terrorista. Zambelli e companhia, assim, teriam um pouco mais de embasamento legal para processar o dirigente do PCO. No entanto, ainda seria ridículo: os guerrilheiros do Hamas não passam de pobres coitados armados lutando contra uma monstruosa máquina de guerra.
O que a imprensa golpista e os bolsonaristas chamam de “terrorismo” nada mais é que a reação tímida do Hamas, da Jiade Islâmica, do Hesbolá e de outros grupos guerrilheiros a um histórico de massacres. Os guerrilheiros palestinos lutam de armas na mão para libertar o seu território de uma das ocupações mais criminosas já conhecidas na face da terra: a ocupação sionista sobre a Palestina.
A ação do Hamas é produto direto e inevitável da violência extrema com a qual o Estado Nazista de Israel trata o povo palestino. Há mais de sete décadas, os sionistas estupram as mulheres palestinas, mutilam seus jovens, assassinam suas crianças e tomam territórios a força. A Faixa de Gaza, para onde foram espremidos os palestinos, não é um território livre: é um verdadeiro campo de concentração a céu aberto.
Denunciar o Estado de Israel, criticar o Estado de Israel e até mesmo atacar de armas na mão o Estado de Israel não é nenhum ato de “terrorismo”. Não se trata de uma política “genocida” contra o povo judeu, não se trata de antissemitismo. A defesa do povo martirizado da Palestina é um dever de toda a esquerda e do movimento de trabalhadores de todo o mundo. Lutar contra a barbaridade do Estado de Israel é lutar contra o que há de mais fascista – e, por que não dizer, terrorista – no Oriente Médio.