Na última quarta-feira (25), foi divulgada uma nova pesquisa da Genial/Quaest sobre a aprovação do governo Lula. Segundo o levantamento, Lula perdeu quatro pontos percentuais de apoio, chegando a 38%, As avaliações negativas, por outro lado, subiram de 24% para 29% no mesmo intervalo.
Toda pesquisa comandada pelos institutos da burguesia devem ser olhadas com desconfiança. No entanto, os dados apresentados parecem verossímeis. Isto é, não há motivo para que a aprovação do governo tenha aumentado. E, como todo governo, quanto mais o tempo passa, maior as chances de crescer a insatisfação. Especialmente no caso do governo Lula, eleito em meio a uma grande polarização. Lula, afinal, foi eleito como o anti-Bolsonaro, o anti-PSDB e o anti-Temer: sua vitória foi marcada por um grande clamor de mudança.
A explicação da imprensa burguesa é calhorda, naturalmente. A direita tem dito que Lula perdeu popularidade por sua posição em relação ao Hamas, que seria, segundo a imprensa, muito pouco agressiva em relação à organização palestina. Fato é que a posição de Lula em relação ao conflito no Oriente Médio tem sido, na verdade, profundamente reacionária.
Não, o problema não é a Palestina. Trata-se apenas de uma forma de a burguesia pressionar ainda mais o governo para que adote uma posição de capacho dos Estados Unidos. O real problema do governo Lula é, ao mesmo tempo em que está sendo sabotado duramente pelo Congresso Nacional, pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Banco Central, está ao mesmo tempo fazendo todo tipo de concessão para verdadeiros cavalos de Troia em seu governo.
O principal, sem dúvida alguma, é o ministro da Justiça Flávio Dino, uma figura filiada ao PSB, mas que atua como um típico representante do PSDB. Dino virou o amigo número um da polícia, com um discurso fascistoide da luta contra os “bandidos”. Outras figuras grotescas como Sonia Guajajara, Marina Silva e Silvio Almeida – a ala identitária – estão sabotando internamente o governo.
O mais curioso é que, segundo a pesquisa, o maior salto de avaliações negativas apareceu entre eleitores que declararam voto no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL),. Isto é, mesmo o governo se desloca a direita, ele não está conseguindo angariar o apoio da direita. Pelo contrário, está dando mais munição para que a direita para para uma ofensiva contra o governo.