A ação da resistência palestina do dia 7 de outubro, encabeçada pelo Hamas, aplicou um profundo golpe contra o sionismo e fez o mundo girar de cabeça para baixo. A ação dos companheiros do grupo guerrilheiro também expôs o quão psicopata, nazista e genocida é o Estado de Israel e o próprio bloco imperialista.
Mas expor a real natureza do imperialismo e do sionismo, que através de sua máquina de propaganda tentavam pagar de benevolentes, não foi o único benefício que a ação heroica da resistência palestina trouxe a todos os povos oprimidos do mundo.
Ela também está tornando cada vez mais inviável a manutenção da guerra do imperialismo contra a Rússia, o qual utiliza a Ucrânia como bucha de canhão.
Como todos se lembram, a guerra começou oficialmente em 2022, como uma resposta defensiva da Rússia à expansão do imperialismo norte-americano, que buscava incorporar a Ucrânia na OTAN. Em resposta, a Rússia desatou a operação militar especial e veio em auxílio à população do leste ucraniano, do Donbass, que estava sendo massacrada pelo oeste desde 2014, quando os nazistas tomaram o poder com o Euromaidan.
Em resposta, o imperialismo de conjunto, mas capitaneado pelos EUA (e a contragosto da maioria da Europa), instituiu pesadas sanções contra a Rússia. Mas o tiro saiu pela culatra, e o imperialismo europeu se afundou em uma crise energética e, consequentemente, econômica.
Desde então, o apoio à guerra na Ucrânia é uma política cada vez mais impopular. De forma que mesmo os políticos burgueses dos países imperialistas europeus já mostram sinais de que o apoio à Ucrânia pode não durar mais muito tempo.
Por exemplo, no dia 13 de setembro, o governo da República Checa anunciou que não iria deportar ucranianos que chegassem ao país fugindo do alistamento forçado. Alemanha, Áustria e Hungria já haviam feito declarações similares. Apenas na Alemanha há cerca 123 mil ucranianos em idade militar. Na Áustria, cerca de 14.000. Mostrando o golpe que isto é contra a Ucrânia, recentemente Putin declarou que a fracassada contraofensiva ucraniana custou mais de 70 mil militares ucranianos.
Nessa situação desesperadora, o governo da Ucrânia está procurando maneiras de punir aqueles que forem pegos escapando do recrutamento forçado, ou que já tiverem fugido, mas foram deportados de volta.
Agora que a resistência palestina atraiu a atenção do imperialismo de volta para o Oriente Médio, a situação de Zelensky e os nazistas ucranianos ficou mais difícil.
Nessa segunda-feira (23), Sahra Wagenknecht, uma proeminente parlamentar da esquerda alemã, anunciou que irá formar um partido que tenha a política externa orientada para paz e que inclua em seu programa a normalização das relações com a Rússia. Na esteira, o jornal mais vendido na Alemanha, Bild am Sonntag, realizou uma pesquisa e constatou que cerca de 27% dos alemães poderiam votar no partido de Wagenknecht.
Indo da Alemanha para a Irlanda, o governo da ilha esmeralda visa cortar 1,5 bilhão de euros de seu orçamento, que atualmente são destinados à assistência social aos imigrantes ucranianos para fins de moradia.
Atualmente na Irlanda, há cerca de 70.000 ucranianos que saíram do país com o início da guerra. A política era de permitir eles a permanecer no país de forma indefinida, usufruindo de moradia gratuita. Agora, o governo irlandês pretende estabelecer um limite de tempo. Em meio a uma crise habitacional crônica, os ucranianos poderão permanecer mais três meses usufruindo do benefício. Após esse período, terão de arcar com as despesas caso queiram permanecer nas moradias.
Assim, percebe-se que, cada vez mais, vão surgindo sinais de que o imperialismo está com dificuldade de manter sua guerra contra a Rússia através da Ucrânia. A questão é: o imperialismo tem condições de vencer sem entrar em um conflito direto? Quase certo que não.
Outra questão: o imperialismo tem condições políticas de arcar com uma derrota? Também parece que não, basta lembrar o prejuízo que a derrota no Afeganistão gerou aos Estados Unidos e, consequentemente, ao imperialismo de conjunto.
Em suma, está em uma crise cada vez maior da qual não consegue sair. A tarefa dos povos e dos países oprimidos é aproveitar a crise do imperialismo para fazer avançar a luta pelas respectivas libertações nacionais. Quanto à classe operária, fazer avançar a lutar pela libertação de toda a humanidade por meio da revolução proletária.